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Economia

Mesmo com alta do petróleo, BC deve baixar juro para novo piso histórico, apostam economistas
Publicado em 18/09/2019 às 08h27
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A recente alta do petróleo não deve impedir o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir novamente os juros básicos da economia brasileira nesta quarta-feira (18), segundo apostam economistas do mercado financeiro. A decisão será anunciada por volta das 18h.

Depois de a taxa Selic recuar para 6% ao ano em julho, a previsão dos analistas dos bancos é de que a taxa caia para 5,5% ao ano nesta semana. Se confirmada uma nova redução, a taxa Selic atingirá o menor patamar em 30 anos, desde que o Banco Central deu início à série histórica da taxa básica de juros, em 1986.

A expectativa dos economistas, colhida pelo Banco Central na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, é de que os cortes nos juros continuem no próximo encontro do Copom, no fim de outubro -- quando a taxa recuaria para 5% ao ano -- permanecendo nesse patamar até o final de 2020.


Definição da taxa de juros

Ao contrário de outros bancos centrais, como nos Estados Unidos, que também se preocupam com o crescimento econômico, a principal missão do Banco Central brasileiro é controlar somente a inflação, tendo por base o sistema de metas.

Para este ano, por exemplo, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar de 2,75% a 5,75%. Para 2020, a o objetivo central é de 4% -- com oscilação autorizada de 2,5% a 5,5%.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.

Para definir a taxa básica de juros neste momento, o BC já está de olho nas previsões de inflação do ano que vem. Isso porque suas decisões demoram meses para terem impacto pleno na economia.

Para este ano e para 2020, respectivamente, a estimativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, estão, respectivamente, em 3,45% e em 3,80% -- abaixo das metas centrais.

Para o economista-chefe da Austing Rating, Alex Agostini, o ataque a petroleira estatal da Arábia Saudita, que impulsionou o preço do petróleo, pode elevar o preço dos combustíveis e pressionar a inflação nos próximos meses. Ainda assim, ele observou que a previsão do mercado para o IPCA deste ano ainda está bem abaixo da meta central de inflação para 2019.

"Há um desentendimento no cenário internacional que pode elevar mais o preço do petróleo. Mas como isso vai impactar o preço doméstico [dos combustíveis]? Vai ser repassado automaticamente [pela Petrobras]? São vários fatores que ainda não se concretizaram. Diante disso, o BC segue considerando que a economia continua a passos muito lentos na recuperação, que é fragmentada nos setores econômicos", avaliou ele.

Em comunicado, o economista-chefe da Nova Futura investimentos, Pedro Paulo Silveira, avaliou que questões externas atuais não deverão afetar a decisão do Copom. Ele avaliou que a redução deverá ter por base o "hiato do produto" (diferença entre o PIB corrente e o potencial) e a queda da inflação para o horizonte da política monetária (até o fim de 2020).


Impacto nas aplicações financeiras

A eventual redução dos juros básicos da economia afetará as aplicações financeiras, como a caderneta de poupança e os investimentos em renda fixa, como, por exemplo, fundos, títulos públicos e CDB´s.

Em consequência da provável queda da taxa Selic, esses investimentos passarão a render menos.

No caso da poupança, a regra atual de remuneração -- em vigor desde 2012, prevê que seus rendimentos estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.

Neste cenário, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.

Se o juro básico da economia recuar para 5,5% ao ano, a correção da poupança seria de 70% desse valor -- o equivalente a 3,85% ao ano, mais a Taxa Referencial.

Mesmo assim, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), a caderneta de poupança "vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano".


Juros bancários altos

Mesmo com a taxa Selic no menor patamar em décadas, os juros bancários seguem em níveis elevados para padrões internacionais.

Em julho, segundo dados do Banco Central, a taxa bancária média (pessoa física e jurídica) somou 38% ao ano, enquanto que, para as pessoas físicas, totalizou 52,2% ao ano.

Em alguns casos, como no cheque especial e no cartão de crédito rotativo, estão acima de 300% ao ano em um ambiente de inadimplência baixa.

Juros bancários elevados inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo economistas, a serem enfrentados pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2018, 84,8% do mercado de crédito. Esse cálculo inclui os bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.

No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros ficou no maior patamar em sete anos e o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões, recorde da série histórica que começa em 1994.
Alexandro Martello
Fonte: g1
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