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Combustíveis Fósseis

Petróleo ensaia recuperação em junho, mas futuro ainda é incerto
Publicado em 01/07/2020 às 10h57
O preço do petróleo ensaiou nas últimas semanas uma recuperação e se estabilizou na casa dos US$ 40 o barril, depois de se manter abaixo dos US$ 35 durante praticamente todo o tempo entre abril e maio. A cotação do Brent subiu 16,5% em junho, num movimento que acompanha a retomada gradual da demanda. Apesar disso, a valorização recente ainda não é suficiente para apagar os efeitos da queda de 65,5% acumulada no primeiro semestre, nem dissipar o pessimismo quanto ao comportamento futuro da commodity. A expectativa é que os balanços das petroleiras, no segundo trimestre, venham manchados de vermelho, impactados por baixas contábeis.

Ontem, a Shell estimou uma baixa de US$ 15 bilhões a US$ 22 bilhões (depois dos impostos), em meio à redução das projeções de preços para o médio e longo prazos. A petroleira segue o exemplo da BP, que há duas semanas já havia anunciado um corte no valor contábil de seus ativos de até US$ 17,5 bilhões, em razão do impacto da pandemia da covid-19. Em maio, a Petrobras já havia se antecipado e contabilizado, ainda no balanço do primeiro trimestre, um "impairment" de US$ 13,4 bilhões, depois que reduziu de US$ 65 para US$ 50 a cotação média do barril no longo prazo.

A Wood Mackenzie estima que o choque dos preços do petróleo e os efeitos da pandemia já secaram em US$ 1,6 trilhão o valor global das atividades de exploração e produção de óleo e gás. A consultoria acredita que mais baixas contábeis virão pela frente. "O ´impairment´ que a Shell anunciou é mais do que um detalhe técnico contábil, ou um ajuste nas premissas de preço no curto prazo. Trata-se de mudanças fundamentais que atingem todo o setor", escreveu o vice-presidente de análise corporativa da consultoria, Luke Parker, em relatório sobre a decisão da petroleira anglo-holandesa.

A perspectiva para os próximos meses é que a demanda global por petróleo continue a subir, mas que ela ainda permaneça abaixo dos patamares pré-pandemia por um tempo. A Rystad Energy destaca que o consumo da commodity vem se recuperando gradualmente, mês a mês. A consultoria estima que, depois de despencar 27,1% em abril, na comparação com igual período do ano passado, a demanda voltou a cair em maio, mas dessa vez num patamar menor, de 19,8%, saindo do fundo do poço. Para junho, a estimativa era de uma retração de 14,2%.

A plena recuperação do mercado, no entanto, ainda levará um tempo. A Rystad espera que 2020 registre um recuo de 11,8% no consumo, em relação ao ano passado, e que os patamares de consumo de óleo cru em 2021 ainda se mantenham abaixo dos de 2019.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) destaca que os impactos da covid-19 deverão ser sentidos no setor de óleo e gás até o fim de 2021, acompanhando a tendência de queda no consumo final de energia primária. No cenário mais moderado, os preços se mantêm abaixo de US$ 45 o barril e o consumo começa a se recuperar no segundo semestre, embora só volte a atingir os níveis de 2019 no próximo ano. Nesse caso, seria necessário um corte de produção para minimizar o excesso de oferta.

O analista de petróleo e energia da XP Investimentos, Gabriel Francisco, conta que a valorização do petróleo, em junho, foi influenciada justamente pela decisão da Organização dos Países Exportares de Petróleo (Opep) de estender por mais um mês, até o fim de julho, o acordo das cotas de corte na produção - aliada, é claro, ao início da retomada econômica em alguns países que começaram a flexibilizar as medidas de isolamento social. Ele ressaltou, porém, que ainda é prematuro estimar o comportamento do mercado este ano. Isso porque há um temor de que ocorra uma segunda onda de contágio do novo coronavírus no mundo e isso possa fechar países novamente.

"Um dos grandes consumidores é a aviação comercial. Querosene de aviação representa de 5% a 10% da demanda mundial e o retorno dessa atividade depende da retomada das viagens. Para isso precisa que a pandemia esteja controlada, por vacina ou remédio", disse.

Na avaliação da Bain & Company, a atual crise do setor deve estabelecer um novo patamar de preços, mais baixos, em relação aos patamares pré-crise. A consultoria destaca que os choques do petróleo ocasionados por questões geopolíticas (como a Guerra do Golfo de 1991 e o ataque terrorista aos EUA, em 2001) ou por recessões econômicas (como a crise asiática de 1998 e a dos subprimes, de 2008) costumam recuperar os patamares de preços anteriores. A Bain defende que o choque atual, no entanto, assemelha-se mais às crises de 1986 e 2015, que provocaram mudanças estruturais na indústria petrolífera.
Fonte: Valor Economico
Texto extraído do boletim SCA
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