União Nacional da Bioenergia

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Rolagem de posições, Índia ou OIA?
Publicado em 09/09/2020 às 10h31
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Outubro/20 despenca em Nova York durante o início de setembro em acúmulo de vetores de baixa de curto a longo prazo

O mercado de açúcar tem um início de setembro marcado por preços acentuadamente mais baixos sobre a totalidade dos contratos futuros negociados na bolsa de Nova York. É interessante observar uma maior aproximação da segunda e da primeira tela de Nova York em um momento crucial de rolagem de posições por parte de agentes que buscam evitar os períodos de notificação de entrega física sobre Outubro/20 ao longo deste mês de setembro.

O detalhe é que no meio disto houveram duas informações impactantes logo no início de setembro. Primeiro temos a queda de 23,9% no PIB da Índia durante o segundo trimestre, quase que ao mesmo tempo da queda de mais de 9% do PIB do Brasil durante o mesmo momento do ano. Mas esta é apenas uma curiosidade estatística. O fato é que esta forte retração do PIB da Índia em meio a queda importante na demanda interna geral do país [incluindo açúcar] levará a uma tendência de maior exportação da commodity indiana ao mercado internacional. Pelo menos isso é o que pretendem as usinas locais. O primeiro número sondado é que o valor projetado até o momento pelo USDA em 5 milhões de tonelada deve ser pressionado a crescer a 6,5 milhões. A final, as usinas da Índia "precisam" escoar o volume excedente estocado com a retração na demanda interna. Mas no meio do caminho existe uma pedra!

Esta "pedra" é o tombo no PIB já referido anteriormente em 23,9% no segundo trimestre do ano. É importante lembrar que quase todo o comercio externo do açúcar da Índia depende mais do governo do que dos usineiros locais. As exportações, embarques, fretes e até campanhas de marketing são em partes financiadas pelo governo. As grandes vendas de açúcar da Índia para a China são feitas através de negociações e acordos envolvendo o primeiro escalão de ambos os países, em promoções de acordos e parceiras comerciais. Logo, a indústria indiana em si depende de um governo que se depara com a maior retração econômica do PIB no mundo durante o segundo trimestre de 2020. Logo, ainda é cedo para afirmar que a "vontade" de que as exportações subam de 5 para algo entre 6,0 a 6,5 milhões efetivamente se concretize.

Ainda nos tempos de taxa de crescimento entre 8% a 5% ao ano era fácil achar espaço fiscal para "bancar" setores inteiros da economia como o de açúcar na Índia. A grande dúvida agora é como vai ficar essa "galinha dos ovos de ouro" com este forte impacto negativo no PIB. Dito isto, se a realidade bater a porta, estes recuos generalizados em Nova York tendem a se mostrar precipitados, visto que eles respondem mais a expectativa de novos embarques da Índia do que sobre os dados quase que "defasados" da OIA atualizados na quarta-feira, mas que são amplamente indicados pelo clipping de notícias como o real motivo das quedas externas. É importante lembrar que ainda em maio o USDA já apontava um saldo positivo de 10 milhões de toneladas para o saldo final da safra internacional 2020/21 vindo de um déficit de 15 milhões de toneladas. Ou seja, os dados da OIA se mostram como "notícia velha" há muito tempo.
Maurício Muruci
Diretor(a) de Produção - CMA
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