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Combustíveis Fósseis

Diesel verde opõe Petrobras e agroindústria
Publicado em 18/09/2020 às 11h10
A agroindústria e o setor de petróleo protagonizam intenso debate sobre novos biocombustíveis. As discussões giram em torno do diesel verde, cujas especificações estão sendo definidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A Petrobras, o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) e distribuidoras de combustíveis defendem que o diesel produzido a partir do coprocessamento de petróleo com óleos vegetais nas refinarias tradicionais, conhecido como HBIO, seja enquadrado como biocombustível. Por outro lado, produtores de biocombustíveis, representados por entidades como a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e Associação Brasileira de Produtores de Biocombustíveis (Aprobio), argumentam que o produto tem como base 95% de combustível fóssil e apenas 5% de óleo vegetal, e, portanto, não poderia ser classificado como biodiesel. A visão é endossada pela ANP.

"O coprocessamento não produz um biocombustível, que por definição teria que ser 100% renovável. Não podemos negar que o HBIO tem parcela renovável, mas é um diesel fóssil, o que não é apropriado para caracterizar a carga final como diesel verde", explica a especialista em regulação da ANP, Lorena Mendes, em audiência pública que seguia na noite de ontem sem previsão de término.

De acordo com a definição atual da agência, o combustível não pode compor a mistura obrigatória de adição de biodiesel ao diesel (hoje de 12%, mas que será de 15% em 2023, chamado de B15), nem gerar créditos de descarbonização - os Cbios, que as distribuidoras de combustíveis são obrigadas a comprar, dentro de metas assumidas no programa RenovaBio.

"Temos que entender o que o país quer em termos de política energética e vamos definir isso no âmbito do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)", diz o secretário de petróleo, gás e biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, José Mauro Ferreira.

Uma primeira reunião para discutir o tema no comitê do RenovaBio acontecerá em 30 de setembro. O objetivo é realizar estudos para subsidiar o CNPE na definição de uma política pública para o tema.

A ampliação da discussão é vista de maneira positiva pelo IBP, que acredita que a definição atual da ANP pode criar uma reserva de mercado e retardar investimentos em novos processos de produção.

"O Brasil sempre foi primordial na introdução de novas tecnologias [neste setor], mas desta forma podemos perder o protagonismo na produção mundial de biocombustíveis", explica a secretária da Associação Brasileira de Downstream do IBP, Valéria Lima.

Já a agroindústria argumenta que o HBIO deve ser tratado de maneira diferente do chamado HVO (hydrotreated vegetable oil), cujo processo de produção baseado em óleo vegetais ou gorduras animais resulta tanto no diesel verde quanto no bioquerosene de aviação.

"A consequência do anúncio da Petrobras de reinvindicar o rótulo de diesel verde é matar a possibilidade do desenvolvimento dessa indústria no Brasil", diz Juan Diego Ferrés, presidente da Ubrabio.

O coprocessamento faz parte do reposicionamento da Petrobras no mercado de biocombustíveis. Em julho, a estatal produziu 40 milhões de litros do diesel renovável, com 5% de teor renovável, a partir do processamento de 2 milhões de litros de óleo de soja na refinaria Repar (PR). Segundo a companhia, o diesel verde emite 70% menos gases de efeito estufa que o diesel mineral e 15% menos que o próprio biodiesel - que leva metanol no processo produtivo. Além disso, o hidrotratamento remove contaminantes que causam entupimentos de filtros, bombas e bicos.

"Porque especificar que apenas um processo seria usado no percentual obrigatório da mistura [de biodiesel]? (...) A competição é positiva na visão da Petrobras e estimula a melhoria de competitividade de ambos os produtos", defende o gerente de comercialização da Petrobras, Sandro Barreto.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA
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