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Cana-de-açúcar

Usinas perdem R$ 3,4 bi na B3 com ´efeito Petrobras´
Publicado em 23/02/2021 às 11h47
Em meio ao pânico que se espalhou pelo mercado ontem após o anúncio do presidente Jair Bolsonaro de um novo presidente na Petrobras, as ações das empresas do setor sucroalcooleiro - que já foi especialmente penalizado no passado por controle de preços - também perderam valor na B3, mas não de forma descolada do tom geral da bolsa. No conjunto, Cosan, São Martinho, Biosev e Jalles Machado perderam ontem R$ 3,4 bilhões em valor de mercado.

A Cosan, que controla a Raízen junto com a Shell, teve queda mais expressiva, de 6,61% - acima do recuo do Ibovespa, de 4,76% -, e suas ações fecharam a R$ 81,99. Além de atuar na produção sucroalcooleira, a Raízen está mais exposta aos preços de combustíveis por atuar em distribuição e estar negociando a compra de refinarias - o que, agora, foi colocado em dúvida pelo mercado.

As ações da São Martinho e da Jalles Machado apresentaram quedas de 6% e 4,29%, respectivamente. Os papéis da primeira fecharam a R$ 33,37 e estão com queda acumulada em uma semana, mas no mês exibem alta de 12,02%. Já as ações do grupo goiano, que fecharam a R$ 8,47, acumulam desvalorização de 6,31% desde o primeiro fechamento, no dia 8. A Biosev, por fim, viu suas ações caírem 3,52%, para R$ 6,30.

A indústria de etanol costuma arrepiar-se quando se cogita a possibilidade de o governo usar a Petrobras para controlar a inflação. No governo Dilma Rousseff, a estratégia da estatal de manter os preços da gasolina inalterados abalou a competitividade do combustível renovável, afetando sobretudo as empresas sem produção de açúcar e com mais fragilidade financeira.

A situação atual, porém, ainda guarda incertezas. No curto prazo, o efeito de uma contenção dos preços da gasolina tende a ser limitado, já que a próxima safra do Centro-Sul, que começa em abril (2021/22), já vinha se apresentado fortemente amparada no açúcar, e com boa parte da oferta fixada a preços elevados - segundo a Archer Consulting, 75% das exportações já estão hedgeadas próximo a R$ 1.600 a tonelada.

Dentre as usinas na bolsa, a Biosev é a que tinha, até o fim do 3º trimestre desta safra, o maior percentual de açúcar de cana própria hedgeado, de 85%, a um preço equivalente perto de R$ 1.500 a tonelada. Na Jalles Machado, 75% do açúcar não orgânico a ser exportado na próxima safra também estava fixado, e na São Martinho, o percentual era de 61%.

E o cenário para os preços do açúcar tanto em dólares como em reais continua favorável, com amplo déficit de oferta no mundo, que vem turbinando os contratos futuros na bolsa de Nova York. Ontem, os papéis para março - que expiram na sexta-feira - fecharam a 18,78 centavos de dólar a libra-peso, e os para maio, a 17,44 centavos de dólar a libra-peso, os maiores valores em quatro anos.

Além disso, o mercado de etanol também vem oferecendo remunerações recorde - para quem tem estoque. Na última sexta-feira, houve vendas por mais de R$ 3,15 o litro, níveis nunca dantes vistos, segundo a SCA Trading. Os preços estão acompanhando a gasolina, já que a oferta de etanol está justa com a entressafra, segundo o diretor Martinho Ono.

O cenário para os preços atenua o efeito da perda de valor das usinas. "Ninguém projeta etanol acima de R$ 3 para sempre", observa Willian Hernandes, sócio da consultoria FG/A. Porém, mesmo com uma queda no início da próxima safra, a remuneração do biocombustível deve seguir favorável, avalia.

Há ainda um sentimento de esperar para ver. Evandro Gussi, presidente da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica) e maior liderança do setor, disse ontem ao Valor que crê na promessa de Bolsonaro de que a troca na Petrobras não mudará a política de preços.

Caso contrário, Hernandes diz que a diferença entre a remuneração do açúcar e do etanol, que vinha diminuindo, pode voltar a crescer, incentivando maior produção de açúcar logo no início da próxima safra.
Fonte: Valor Econômico
Texto publicado no boletim SCA
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