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Diversas

Mais vulnerável impossível
Publicado em 17/05/2021 às 10h38
Na última grande adição de volume comprado que os fundos não-indexados empreenderam, há um par de semanas, foram necessários 427 lotes para que o mercado futuro de açúcar em NY movesse um ponto para cima. Na semana que passou, pelos dados divulgados pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), a agência americana reguladora do mercado de commodities, os fundos compraram mais 16,857 lotes e moveram o mercado 98 pontos. Dessa vez, para mover um ponto para cima precisaram apenas de 172 lotes.

Com 40% a menos de volume os fundos conseguiram mexer com o mercado. Isso mostra claramente que as recentes subidas guardam pouca ou nenhuma relação com os problemas climáticos que afetam grande parte dos canaviais do Centro-Sul, ou seja, como discorremos aqui na semana passada, o mercado sobe porque poucos vendedores se apresentam para dar liquidez à voracidade dos fundos. E é claro que se os vendedores não se apresentam é porque não podem vender mais, pois já estão com seus açúcares fixados em sua plenitude. É evidente que esse procedimento por parte dos fundos pode continuar enquanto houver dinheiro suficiente nas suas tesourarias. No entanto, gostaria de chamar a atenção a um aspecto que considero importante.

Bastou um susto, durante a semana, causado pelo surpreendente número da inflação americana para que o mercado derretesse de forma muito rápida. E aqui é onde mora o perigo. Eventos exógenos disparam liquidações maciças das posições compradas por parte dos fundos que sugere um mercado de extrema vulnerabilidade.

Temos, com efeito, fragilidades em ambos os lados. O mercado pode continuar subindo por ação dos fundos enquanto estes tiverem bala na agulha e podem ser ajudados se as chamadas de margem incomodarem o fluxo de caixa dos vendidos (tradings, principalmente). Comparativamente à semana passada, pelos nossos cálculos, pelo menos US$ 250 milhões em margens devem ter sido devolvidas. O mercado pode, também, cair se o cenário macro se deteriorar. Notem, que independentemente da direção, nosso sentimento é que a movimentação será de grande magnitude e rapidez. Os livros nos ensinam que os fundamentos sempre prevalecem. Há de ser ter cautela.

Pela enésima vez, tenho que mencionar os spreads. A curva declina mais no curto prazo do que no longo prazo, objetando a narrativa de falta de açúcar provocada pela seca. O contrato futuro de açúcar em NY com vencimento para julho/21 encerrou a sexta-feira a 16.96 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 51 pontos na semana (pouco mais de 11 dólares por tonelada). Todos os demais vencimentos seguintes fecharam em baixa também, mas menor do que o vencimento que o antecede. A pressão da curva é no curto prazo, paradoxal ao propalado efeito do déficit hídrico na disponibilidade de açúcar.

Não tenho nenhum regozijo se o tempo disser que nossa análise está correta. Tenho, sim, muita curiosidade de entender os diferentes aspectos que afetam o mercado e o processo decisório por eles motivados.

A queda expressiva de NY pouco afetou o preço do hidratado, que quebrou novos recordes chegando a negociar a R$ 3,7000 por litro. Isso equivale a 30 pontos acima do fechamento de NY, sedutor o bastante para que algumas usinas que pertencem ao último quartil da fragilidade financeira possam eventualmente sugerir postergar a iminente entrega de açúcar para o ano que vem ou para as calendas gregas.

As exportações brasileiras de açúcar alcançaram a marca recorde de 32.1 milhões de toneladas (o que me fez perder uma aposta que incluir jantar e vinho). Isso equivale a dizer que na safra 20/21 o Brasil despejou 13.1 milhões de toneladas de açúcar no mercado internacional, um acréscimo extraordinário de 69% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse volume diminuiu eventual preocupação de déficit uma vez que compensou a menor disponibilidade de outros produtores.

As exportações de etanol também foram muito bem, alcançando 2.88 bilhões de litros, volume 53.8% acima do ano anterior.

Não custa lembrar: de 2010 até hoje, corrigindo todos os valores pelo IPCA, em menos de 20% das vezes, o mercado negociou acima de R$ 2,000 por tonelada FOB equivalente.
Fonte: Archer Consulting
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