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Diversas

Brasil precisaria investir mais de R$ 90 bilhões até 2030 para cumprir metas do clima, aponta estudo
De acordo com trabalho divulgado nesta sexta-feira, restauração florestal, mercado de carbono e controle de desmatamento poderiam levar a uma redução de até 82% nas emissões do país
Publicado em 18/10/2021 às 12h00
O Brasil poderia reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 66% e 82% até 2030 se investisse em três áreas: precificação de carbono, controle de desmatamento e uma "economia de restauração florestal". Para isso, seriam necessários investimentos de R$ 92,2 bilhões em uma década. A conclusão está no documento "Clima e Desenvolvimento: visões para a o Brasil 2030", lançado nesta sexta-feira (15/10).

"A título de comparação, a meta do governo atual é reduzir 43% das emissões, no mesmo período, proposta que vem sendo criticada por não se alinhar ao Acordo de Paris", comparam ps responsáveis pela pesquisa, em comunicado.

O documento é uma iniciativa de diversos grupos da sociedade, entre eles, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a Coalizão Clima Florestas e Agricultura Ipam e WWF. Também contou com a participação de um grupo externo que, entre os integrantes, estão a ex-ministra do Meio Ambiente, Isabella Texeira e o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito.

A construção do documento final ficou a cargo do Centro Clima, da Coppe-UFRJ, responsável pelo envolvimento dos especialistas, e pelo Instituto Talanoa, que coordenou as consultas com as lideranças das áreas econômica, financeira e social. O trabalho teve apoio também os Insituto Clima e Sociedade (iCS).

De acordo com os responsáveis , o conteúdo é resultado de um processo de consulta de três meses, com o envolvimento de mais de 300 especialistas e lideranças, entre representantes de empresas, organizações sociais e governos. "A maior parte desses atores já detém compromissos de zerar carbono até 2050", ressalta o comunicado.

O trabalho destaca um diferencial do Brasil no combate aos efeitos das mudanças climáticas. Diferentemente de outros países, o país tem o potencial de reduzir as emissões com iniciativas de custo baixo e sem depender do que chamam de "tecnologias disruptivas". Estas, poderiam ser adotadas no longo prazo.

Para os estudiosos, uma das possibilidades para viabilizar a consolidação dos cenários mais ambiciosos é destravar as chamadas finanças climáticas no Brasil, tanto na transição do próprio sistema financeiro para uma economia de baixo carbono quanto em sua capacidade de financiar essa transição.

Entre as medidas sugeridas para garantir o cumprimento das metas, estão maior transparência em incentivos fiscais, fim de incentivos à invasão de terras públicas, desestímulo à expansão do que chamam de "fronteiras agrícolas especulativas" e promover a política de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), expandindo-a sobre o Plano Safra. Sugere também a destinação de uma parte do Produto Interno Bruto (PIB) para o combate às mudanças climáticas e o desbloqueio de recursos de fundos climáticos.

O trabalho considerou três cenários. O primeiro, que chama de Retomada Econômica, prevê a retomada do desenvolvimento com distribuição de rendas, mas sem medidas consideradas "amigáveis" em relação às mudanças climáticas. Nesta situação, inciativas como o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e o Renovabio seguiriam dentro dos patamares atuais, sem precificação explícita de carbono ou nos políticas climáticas.

O segundo, chamado de Retomada e Transição Justa, agrega à recuperação econômica uma redução classificada como "radical" de desmatamento e aumento do plantio de florestas em áreas públicas e privadas até 2025. Inclui também a precificação do carbono, cuja discussão sobre um mercado global será um dos principais assuntos da Conferência do Clima de Glasgow.

O terceiro cenário leva em conta a Retomada com Transição Justa para a neutralidade climática e desmatamento zero na Amazônia e na Mata Atlântica até 2030. Nesta situação, o nível de efetividades das políticas contra o desmatamento deve ser ainda maior. Na comparação com o anterior, a redução das emissões de carbono é 30% maior, especialmente em terras indígenas e unidades de conservação. Com isso, seria possível reduzir em até 82% as emissões do país em relação ao nível de 2005.

"Esses caminhos de redução ambiciosa propostos não implicam em sacrifícios para a economia. Em termos de PIB e renda, eles aumentam levemente nos cenários de descarbonização. Também têm o potencial de gerar mais de 120 mil novos empregos "verdes" nos setores de serviços, agricultura, transportes e resíduos", argumentam os responsáveis pelo trabalho.

Em relação ao restauro florestal, o grupo avalia que a aposta em uma economia voltada para esse tipo de medida tende a gerar 4,8 milhões de novos hectares restaurados.

Sobre o desmatamento, o cenários analisados pelo estudo consideram que os esforços para conter a supressão de áreas só serão retomados a partir de 2023, quando o nível de desmatamento deverá estar 15% superior ao registrado em 2019. No cenário considerado mais ambicioso, biomas como a Amazônia e a Mata Atlântica conseguiriam desmatamento zero até 2030, com quede de 20% nos demais biomas em comparação com 2023.

"A implementação dessas metas depende da eliminação de incentivos à grilagem e da destinação de terras públicas, além do fortalecimento da fiscalização ambiental", diz o comunicado.

Já em relação mercado de carbono, o trabalho sugere que atingir o previsto nos cenários mais ambiciosos poderia ser possível com um preço de carbono em torno de US$ 19 por tonelada de CO2 equivalente. "A modelagem indica que valores mais altos de carbono trariam benefício marginal pequeno", pontua o estudo.
Fonte: Globo Rural
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