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Embrapa já rastreia açúcar até as gôndolas; Usina Granelli introduziu com sucesso o blockchain em um projeto-piloto
Publicado em 08/05/2023 às 08h40
Foto Notícia
A Usina Granelli, de Charqueada (SP): projeto-piloto do Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade, da Embrapa
Crédito: Divulgação
A usina de açúcar e etanol Granelli, de Charqueada (SP), introduziu com sucesso o blockchain no rastreamento de sua produção, em um projeto-piloto de um ambicioso sistema da Embrapa: o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar). Com a tecnologia, o açúcar mascavo embalado da Granelli já está nas gôndolas dos supermercados com um QR Code que permite aos consumidores saber detalhes sobre como o produto foi feito. A partir deste mês, a novidade chegará também às embalagens do açúcar demerara.

Construído sobre a rede Ethereum, o Sibraar permite o registro de dados como data de produção, variedade da cana, identificação e geolocalização da propriedade rural que forneceu a matéria-prima, além da análise microbiológica do produto, teor de sacarose, umidade e cor do açúcar. Um dos pontos em que a usina vê ganhos com a novidade é a verificação de responsabilidade ESG - sigla em inglês para as boas práticas de governança ambiental, social e corporativa.

"Isso nos ajuda a trazer sustentabilidade ambiental e social. Nós queremos combater o uso de trabalho análogo à escravidão no setor da cana-de-açúcar", diz Mariana Granelli, responsável pela usina. "A garantia de segurança alimentar também é importante. Eu consigo garantir que tudo no meu produto está em conformidade com a legislação".

A executiva destaca que a falta de padrões de qualidade para o açúcar mascavo, por exemplo, gera um problema para o consumidor que busca o produto no supermercado. "Alguns mascavos possuem gosto de queimado. Não há padrão de qualidade do produto final. Tem até açúcar que vem empedrado ou mofado", critica. Mariana conta que, no esforço para evitar esse tipo de defeito, a Granelli comprou uma secadora universal, equipamento que assegura o grau de umidade necessário para que o mascavo da fábrica não seja contaminado por agentes microbiológicos.

Mariana conta que seu pai, José Granelli, ficou sabendo da possibilidade de usar blockchain, mas por ser "uma pessoa analógica", nas palavras dela, decidiu deixar com a filha a decisão sobre introduzir ou não o registro criptográfico das etapas da produção. "O projeto começou em 2019 e caiu no meu colo, porque meu pai não entendia de criptoativos quando a Embrapa surgiu com a ideia. A vantagem do meu pai é que ele pode não entender, mas adora tecnologia, então tem drone, desenho de linhas e outras inovações na usina. Ele gosta do benefício que a tecnologia traz", explica. A iniciativa teve apoio financeiro do Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil (Sicoob) Cocre.

A Embrapa levou três anos para desenvolver o Sibraar, e a iniciativa não deve se limitar ao projeto-piloto na Granelli. O sistema também será utilizado na cadeia de produção de frutas, legumes e verduras por meio de um acordo de cooperação que a estatal firmou em janeiro deste ano com a Ferpall Tecnologia. De acordo com Anderson Alves, supervisor de negócios da Embrapa, a decisão de implementar o projeto-piloto no açúcar deveu-se às características desse mercado, como facilidade que as usinas têm de obter informações sobre todos os elos da sua cadeia de fornecedores. Alves afirma, no entanto, que o Sibraar é customizável para todas as cadeias do agronegócio, inclusive a de grãos como soja e milho.

"Já está no nosso cenário de curtíssimo prazo a Ferpall usar nas cadeias de frutas, verduras e legumes. Estamos entrando no pescado, temos conversas avançadas para o café, e nos grãos estamos com boa interlocução com os produtores de soja não-transgênica", conta Alves.

A ideia da Embrapa é, no futuro, usar blockchain para todas as cadeias do agro que quiserem ter essa maior rastreabilidade, algo que pode até mesmo ajudar a desbloquear mercados consumidores para as commodities brasileiras.
Fonte: Valor Econômico
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