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Cana-de-açúcar

Raízen fecha venda de pellets de biomassa a empresas europeias
Publicado em 29/10/2020 às 10h15
A Raízen Energia, joint venture entre Cosan e Shell, começou a fechar seus primeiros contratos de venda de pellets de biomassa de cana para geradoras de energia do exterior em escala comercial. O primeiro acordo envolveu 40 mil toneladas do produto, já entregues à alemã RWE. O segundo é para a entrega de 50 mil toneladas, que estão em fase de produção, a outra empresa europeia cujo nome não foi revelado.

O valor dos negócios também é mantido em sigilo, mas Raphaella Gomes, diretora de Transição Energética & Renováveis da Raízen, afirma que os preços foram tão competitivos quanto os dos pellets de madeira, com os quais os de biomassa de cana concorrem. A companhia comprou no ano passado a participação de 81,5% da Cosan no negócio de biomassa - os outros 18,5% pertencem à japonesa Sumitomo.

A fabricação de pellets a partir de biomassa de cana é realizada em uma fábrica da Raízen em Jaú (SP), próximo a uma das 26 usinas sucroalcooleiras da empresa. Até agora, a produção vem sendo realizada apenas com o bagaço que "sobra" da moagem, mas a planta também tem capacidade para processar a palha da cana, que permanece no solo quando a planta é colhida.

O volume entregue à RWE foi produzido com o bagaço restante da usina em Jaú do ano passado. A geradora alemã já utilizou praticamente todo o produto em sua unidade em Geertruidenberg, na Holanda, onde costuma queimar 2 milhões de toneladas de pellets de madeira por ano em uma planta com potência de 600 megawatts (MW). Essa planta era antes abastecida só com carvão, mas a RWE vem adaptando a unidade e pretende que até o fim do ano a participação da biomassa atinja cerca de 80%.

Até então, a RWE havia usado apenas pellets de madeira como biomassa em escala comercial. Para o uso do pellet da cana, a unidade passou por algumas adequações internas, como de ordem logística, mas não precisou de investimentos para se adequar à nova matéria-prima, diz Gomes. A companhia alemã já havia feito um teste de queima do produto da cana em volume menor no ano passado, de 10 mil toneladas. A nova compra foi realizada para finalizar testes técnicos, diz Gomes.

O segundo contrato firmado pela Raízen foi com outro "grande gerador europeu", segundo a executiva, que disse não poder revelar o nome da empresa por causa de um acordo de confidencialidade. O embarque dos pellets deve ocorrer entre dezembro e março.

A Raízen vê uma grande demanda pelos pellets de cana não apenas na Europa, que já abriga o maior mercado consumidor de pellets de madeira do mundo, mas também no Japão. O país asiático tem uma matriz energética baseada em carvão e em energia nuclear e vem renovando suas metas de descarbonização da economia. Nesta semana, o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, anunciou que o país quer se tornar neutro em emissões até 2050.

Os EUA são hoje os principais fornecedores globais de pellets de madeira, e exportaram 6,9 milhões de toneladas em 2019. Embora esse mercado represente parcelas pequenas nas matrizes dos países que adotam a tecnologia, estimativas privadas indicam que, em 2019, movimentou entre US$ 5,7 bilhões (segundo cálculos da QY Research) e US$ 8,88 bilhões (conforme a consultoria Grand View Research). A expectativa é que o mercado de pellets cresça rapidamente nos próximos anos com as políticas de redução do utilização de térmicas a carvão.

Uma desvantagem dos pellets de cana ante os de madeira é seu menor poder calorífico, o que significa que é preciso um volume maior do produto. Mas a diferença é pequena. Os pellets de cana da Raízen têm poder calorífico de 16,7 gigajoules por tonelada, ante 17 dos de madeira.

Em compensação, Raphaella Gomes avalia que os pellets de cana são mais "blindados" contra as críticas ambientais que os de madeira. Neste ano, um grupo de cientistas pediu em carta ao Congresso americano que a biomassa de madeira não fosse declarada como uma fonte neutra de carbono, já que seu uso implica o corte de florestas e a queima - duas atividades emissoras.

A executiva argumenta que os pellets de cana usam apenas resíduos da cana, sem necessidade de ocupação adicional do solo. Além disso, a cana rebrota todo ano, compensando as emissões da queima da biomassa em um período mais curto do que o da madeira, já que uma árvore leva anos para crescer.

Segundo a Raízen, a pegada de carbono de seu pellet "dentro da porteira" (sem considerar transporte nem queima) é de 1,77 gramas de gás carbônico por megajoule de energia gerada.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA
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