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Açúcar: Mesmo com exportações indianas e clima no Brasil, mercado não se altera
Publicado em 11/09/2024 às 15h08
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  • Os preços do açúcar bruto estão sofrendo para ultrapassar o nível de 20 c/lb e podem precisar de notícias altistas mais concretas para um movimento decisivo de alta.
  • Foi retomada a discussão quanto a possível proibição de exportações indianas, já que o governo deve priorizar o cumprimento da meta de mistura de 20% de etanol até 2025/26. Entretanto, o mercado permanece cautelosamente otimista em relação a possíveis exportações.
  • Os preços precisariam exceder 20 c/lb para que exportações indianas compensem, com as usinas potencialmente exigindo um prêmio para esse valor ultrapassar 21 c/lb. A esses níveis, os produtores podem pressionar o governo a permitir exportações se a produção exceder as estimativas.
  • Já no Brasil o açúcar foi impactado pela seca, afetando a qualidade da cana e as expectativas do mix de açúcar. O ritmo acelerado da safra permitiu um forte ritmo de exportação, atingindo 3,9 Mt em agosto, proporcionando conforto de curto prazo ao mercado.
  • Com a aproximação do vencimento de outubro, a diminuição das posições em aberto pode levar a movimentos nos spreads, já que os fundos começam a rolar suas posições.
    
Os preços do açúcar bruto estão lutando para romper a resistência de 20 c/lb, precisando de notícias altistas mais substanciais para dar um passo definitivo para cima. Segundo Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, “na semana passada, a fraqueza no setor de energia e as preocupações macroeconômicas mais amplas ofuscaram alguns dos sinais de alta que surgiram”.

A analista acrescenta ainda que, “embora os preços tenham registrado um aumento modesto após a correção do dólar na sexta-feira (06), desencadeada por dados de emprego dos EUA de agosto mais fracos do que o esperado e uma estabilização nas expectativas de cortes nas taxas de juros, outras notícias, como a proibição da exportação de açúcar da Índia, não tiveram o impacto no mercado que alguns anteciparam, inclusive com o açúcar fechando a semana em baixa”.

“Como o segundo maior produtor de açúcar do mundo, atrás apenas da região Centro-Sul do Brasil, a Índia reacendeu uma das questões centrais do mercado: o país exportará açúcar? O governo indicou sua intenção de proibir as exportações, priorizando o objetivo de atingir uma meta de mistura de 20% de etanol até 2025/26”, diz.

No entanto, o consenso do mercado sugere que os fluxos comerciais globais devem precisar da participação da Índia, especialmente depois que a produção do Brasil foi afetada pela seca recente.

“A falta de uma decisão final deixa espaço para o mercado, e para nós, permanecermos cautelosamente otimistas com relação às possíveis exportações indianas, o que suavizar parte do aperto de disponibilidade durante a entressafra brasileira”, observa.

Para a Índia exportar, os preços precisariam ultrapassar a marca de 20c/lb. Dado os preços domésticos atuais e o déficit esperado para o fluxo comercial internacional, as usinas indianas podem exigir um prêmio, elevando a paridade de exportação acima de 21c/lb.

“Se o mercado estiver disposto a pagar, o governo não se sentiria pressionado a permitir as exportações? É possível que sim, especialmente se a produção exceder a média das estimativas. Podemos nos surpreender com a disponibilidade Indiana novamente, semelhante à da última temporada, quando muitos previram uma safra abaixo de 30 Mt devido à pior monção de agosto em um século, mas a produção chegou a 32 Mt depois de levar em conta o desvio de etanol. Essa incerteza pode ser a razão pela qual os preços do açúcar não reagiram às notícias de sexta-feira (06)”, considera.

“Uma palavra de cautela, entretanto: se alguma permissão para exportação for concedida, ela provavelmente virá depois que a nova temporada começar e ganhar impulso”, indica.

Quando os estoques forem reabastecidos e o governo reconhecer uma oferta maior do que a esperada inicialmente, este poderá mudar de opinião. De fato, a Índia já alocou 8,6kt de açúcar para exportação para os EUA sob o esquema de Tariff Rate Quota para o ano fiscal de 2025. Embora seja uma quantidade pequena, a decisão é digna de nota. Enquanto isso, as monções têm sido ótimas e demoram a se retirar, o que é positivo para o desenvolvimento da cana.

“Enquanto aguardamos novos desenvolvimentos e confirmações, o principal fator de alta continua sendo o clima brasileiro, que está provando ser um fator significativo. Apesar da recuperação do Hemisfério Norte, a região Centro-Sul do Brasil teve um desempenho inferior devido à seca, que afetou a qualidade da cana mais do que o previsto, reduzindo as expectativas do mix açúcar”, pondera.

Os desafios na produção de açúcar e a disponibilidade reduzida de matéria-prima provavelmente estenderão o período de entressafra, aumentando a pressão de alta sobre o contrato de março. No entanto, no curto prazo, o ritmo acelerado da temporada permitiu que o país mantivesse um nível extraordinário de exportações, com os dados da SECEX indicando um novo recorde de 3,9 Mt em agosto. Esse nível de oferta acrescenta conforto de curto prazo ao mercado, permitindo que seus participantes permaneçam calmos e atentos aos desenvolvimentos da Índia e outros países.

“Com relação ao vencimento de outubro, suas posições em aberto diminuem, seguindo a sazonalidade normal. Podemos esperar algum movimento nos spreads ao longo da semana, com o início das rolagens oficiais dos fundos”, conclui.

Em resumo, os preços do açúcar bruto estão lutando para romper o nível de 20c/lb, precisando de notícias mais significativas de alta para um movimento decisivo, já que a fraqueza da semana passada no setor de energia e uma aposta do mercado por um corte de juros menor (25 pbs) do que inicialmente projetado, pode estar ofuscando desenvolvimentos altistas.

Embora os preços tenham registrado um aumento modesto devido a uma correção no dólar norte-americano, a possível proibição de exportação da Índia não teve o impacto esperado, com o contrato de açúcar perdendo seus ganhos e fechando abaixo de 19c/lb. O mercado parece cético, enquanto o Brasil está inundando o mercado com açúcar com sua safra em ritmo acelerado, permitindo que os traders se sentem e esperem.

Acesse o relatório completo clicando aqui.

Sobre a Hedgepoint Global Markets

A Hedgepoint Global Markets é uma empresa especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, e execução de hedge para a cadeia de valor global de commodities, com larga experiência nos mercados agrícolas e de energia. Está presente em cinco continentes e oferece aos clientes produtos de hedge baseados em tecnologia e inovação, mantendo o cliente como ponto central de todos os processos. A companhia trabalha com mais de 60 commodities e mais de 450 produtos de hedge em sua plataforma.
Fonte: hEDGEpoint Global Markets
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