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Ocellott: soluções para eletrificação de aeronaves e "carros voadores"
Publicado em 02/06/2025 às 16h39
Foto Notícia
O engenheiro Rodrigo Junqueira (em pé) é diretor de negócios da Ocellott
(foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
 A exemplo dos automóveis, nos próximos anos devem começar a surgir modelos de aeronaves com propulsão elétrica ou híbrida. Uma série de tecnologias em desenvolvimento por uma startup incubada no Parque Tecnológico de São José dos Campos, no interior paulista, pode contribuir para antecipar essa meta do setor de aviação.

Por meio de projetos (16/21242-0 e 21/06591-7) apoiados pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), a Ocellott está desenvolvendo baterias e sistemas de distribuição elétrica de alta tensão, compostos por caixas eletrônicas, conversores de potência e controladores para eletrificação aeronáutica.

A startup participará da sessão de palestras sobre pesquisa em aeronáutica durante a FAPESP Week França, entre os dias 10 e 12 de junho em Toulouse. E foi uma das dez empresas convidadas pela Fundação para se apresentar no estande da Universidade de São Paulo (USP) na feira internacional VivaTech, um dos maiores eventos de tecnologia e de startups da Europa, que acontecerá entre 11 e 14 de junho em Paris.

A VivaTech 2025 abordará as novas fronteiras da inovação em termos de tecnologia nas perspectivas econômica, geopolítica, social e ambiental. No ano passado, 165 mil pessoas visitaram os diversos estandes da feira.

“Participar da VivaTech dará visibilidade aos projetos que temos desenvolvido em um lugar onde estarão potenciais clientes, como desenvolvedores de aeronaves, que são os principais usuários desses sistemas”, diz à Agência FAPESP Rodrigo Junqueira, engenheiro de controle e automação e diretor de negócios da empresa.

A Ocellott desenvolveu uma família de dispositivos protetores de surto que protegem aeronaves contra descargas atmosféricas. Equipamentos semelhantes já estão presentes na família de jatos executivos Praetor e no avião cargueiro KC-390, da Embraer.

Atualmente, os engenheiros da empresa estão criando uma família de baterias de emergência para serem utilizadas tanto em aviões da Embraer como em jatos produzidos por outras fabricantes, como as norte-americanas Cessna e Gulfstream.

“Esse tipo de bateria permite que os pilotos façam procedimentos de emergência no caso de uma pane elétrica, em que há perda de energização das superfícies de comando das aeronaves”, explica Junqueira.

A Ocellott também está desenvolvendo baterias para energizar os motores que serão utilizados tanto para a propulsão das aeronaves elétricas e híbridas como para aeronaves elétricas de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOLs), popularmente chamadas de “carros voadores”.

A estimativa é que as aeronaves elétricas, como os eVTOLs, e as híbridas comecem a cruzar os céus nos próximos dois a três anos, uma vez que já há alguns modelos em estágio final de desenvolvimento.

“Alguns desafios que as fabricantes terão de superar para atingir essa meta estão relacionados justamente às baterias, que precisarão ter químicas mais avançadas, maior autonomia e serem mais leves e seguras do que as utilizadas em automóveis, por exemplo, porque no céu não tem acostamento”, brinca o pesquisador.

Além das baterias, outro desafio para eletrificação aeronáutica é o uso de alta tensão. Isso porque os sistemas atuais empregados na aviação tradicional operam em baixa tensão, pondera o pesquisador.

“Nessa aviação nova, a quantidade de energia e potência que será necessária para essas aeronaves voarem exigirá corrente alternada e soluções que nunca foram usadas antes em aviões. Esse é o grande desafio e, nesse sentido, temos trabalhado no desenvolvimento de sistemas de alta tensão”, afirmou.

Impactos ambientais

Entre as preocupações relacionadas com as baterias que serão utilizadas nessas novas aeronaves estão os impactos ambientais do descarte. Uma das soluções que vêm sendo estudadas nesse sentido é direcioná-las para outra aplicação após terminada a vida útil, sublinha Junqueira.

“Uma bateria usada em aeronave, que atingiu sua carga máxima de 80%, por exemplo, e não serviria mais para voar, poderia ser usada para eletrificar uma cidade. Isso representaria uma segunda aplicação dessas baterias para gerar mais economia e com pegada ecológica mais inteligente”, avalia.

Atualmente, a aviação é responsável por entre 2% e 4% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). A expectativa é que as aeronaves elétricas e híbridas contribuam para diminuir esses números pela metade.

“É claro que essa substituição não vai acontecer de forma imediata. Os tipos convencionais de propulsão vão continuar existindo durante bastante tempo ainda, mas a tendência é que, conforme a tecnologia evolua, essas substituições comecem a ser feitas ao longo do tempo. Talvez em 30, 40 anos, será possível perceber um grande impacto da eletrificação no mundo aeronáutico”, avalia Junqueira.
 
Elton Alisson
Fonte: Agência FAPESP
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