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O outono começou há pouco menos de um mês, mas com as temperaturas em elevação e batendo recorde desde o ano passado, o desejo é por um clima agradável. Por isso, muitos já pensam no inverno.

A estação mais fria do ano tem data e horário para iniciar em 2024: será no dia 21 junho, às 17h51 (de Brasília), conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Na última semana, o país teve o primeiro registro de frio pela ação de um sistema frontal, constituído por ciclone extratropical, frente fria e área de alta pressão. O declínio nos termômetros vai ser notado nos Estados do Sul e Sudeste e também no Mato Grosso do Sul.

O momento foi definido pelos meteorologistas ouvidos pela Globo Rural como curto e sem intensidade, apesar da indicação de formação de geada nas áreas mais altas da Serra de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Não por acaso, foi seguido de uma onda de calor, atualmente em atividade no país.

Como será o inverno?

Se comparado a estação passada, o inverno em 2024 será bem mais frio, afirma Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima.

A explicação é o El Niño, que influenciou o clima em 2023, mas está enfraquecendo, dando espaço para o retorno da La Niña. Aliás, de acordo com a consultoria climática Metsul, o processo de transição dos eventos meteorológicos começou em abril.

“O El Niño barra as massas de ar polar ao Sul da América. Aquelas mais intensas e que ocorrem na Argentina, Uruguai e Sul do Rio Grande do Sul, dificilmente conseguem avançar sobre o Brasil, mas esse ano será diferente. O outono vai ser marcado pela transição do El Niño para a neutralidade e o inverno, da neutralidade para a La Niña. Quando esse fenômeno ocorre, há uma tendência de que as massas de ar polar consigam avançar com maior frequência”, explica.

A 65 dias do inverno, é difícil prever com exatidão a abrangência e intensidade do frio e quais situações podem ocorrer no período, como geada, neve e chuva, por exemplo. No entanto, Marco Antônio evidencia características diferentes entre 2023 e 2024.

“A gente brinca internamente na Rural Clima que em anos de La Niña, a ‘porteira’ fica aberta para que massas de ar consigam avançar. Com isso, teremos entradas mais recorrentes desses sistemas e, assim, muito mais ondas de frio. É difícil afirmar que essas massas possam ocasionar geadas, mas olhando para uma ótica de que elas irão avançar com maior frequência, dá para afirmar que o risco de ocorrência de geadas é maior esse ano”.

Quais as características da estação?

Meteorologista sócia-executiva da Nottus, Desirée Brandt reforça a afirmação do especialista da Rural Clima e diz ainda que a previsão para 2024 aponta um inverno não rigoroso, mas, inquestionavelmente, mais significativo que o anterior.

“Em 2023, ele foi considerado "fraco" em termos de frio, o que afetou aqueles cultivos que necessitam de temperaturas mais baixas em certos momentos para garantir boa qualidade nas lavouras”, destaca.

Ainda segundo ela, a estação será marcada por episódios de frio intercalados com períodos mais amenos e, eventualmente, até mais quentes para a época do ano. Geadas estão previstas, mas concentradas, principalmente, na região Sul e com pouca probabilidade no Sudeste e Centro-Oeste.