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Brasil é o segundo maior exportador mundial de alimentos em volume
Publicado em 15/04/2019 às 09h03
A recente Feira Internacional de Alimentos Anufood realizada em São Paulo mostrou ao mundo e principalmente para os próprios brasileiros que temos uma indústria alimentar sólida e muito competitiva.

Mas alguns números que os visitantes da Feira ficaram sabendo não são do conhecimento da imensa maioria da nossa população e vale a pena focá-los.

Em primeiro lugar, de acordo com a ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), do faturamento de R$ 656 bilhões deste importante segmento econômico realizado no ano passado, 22,1% são oriundos da industrialização de carnes e derivados.

Surpreendentemente, em segundo lugar vem o setor de bebidas (alcoólicas ou não), com 19,7%, quase alcançando o primeiro colocado. Em seguida, mas já bem mais atrás, vem laticínios, com 10,5%, café, chá e cereais (10,2%), e mais óleo e gorduras (9,0%). Só depois destes cinco primeiros é que aparecem os derivados de trigo todos (desde pães até massas prontas), derivados de frutas e vegetais, de açúcar, os supergelados, os chocolates e balas e assim por diante.

Do total faturado, cerca de 69% ficaram no mercado interno e a diferença foi exportada.

O Brasil é o segundo maior exportador mundial de alimentos em volume e a nossa indústria manda seus produtos para mais de 180 países. Em 2018, a Ásia foi de longe o principal mercado, com 35,9% das exportações totais (a China disparada em primeiro lugar com US$ 3,3 bilhões em 2018). A União Europeia veio em segundo lugar com 19,2% e o Oriente Médio em terceiro, com 14%.

É muito variada a destinação da produção industrializada e impressiona: 178 países compraram carnes e seus derivados em 2018, com todos os problemas que esse destacado setor enfrentou, mostrando como é importante essa indústria; 162 países importaram açúcares e derivados, 127 compraram conservas de vegetais e frutas, além de sucos, e 122 países vieram buscar óleos e gorduras.

Esta numerologia é mais do que suficiente para corroborar recentes e insistentes manifestações do agronegócio nacional quanto à necessidade de uma política comercial externa abrangente e independente. O que já produzimos hoje na nossa agropecuária e indústria alimentar é disputado por países de todas as etnias e regiões do globo. E esta demanda vai crescer muito mais. É essencial, portanto, que tenhamos abertura democrática e franca para todo e qualquer importador (desde que seja também bom pagador) sem privilegiar este ou aquele país. Tanto o campo quanto a indústria de alimentos anseiam por essa postura governamental que, aliás, vai se consolidando aos poucos.

Essa indústria tem grande relevância para a agropecuária nacional porque consome cerca de 58% do valor de tudo o que é produzido nas fazendas brasileiras. É expectativa de todos os agropecuaristas que a relação comercial entre eles e os industriais seja sempre republicana e justa, com preços que remunerem os primeiros e garantam competitividade a todas as cadeias produtivas.

Na direção do balizamento dessas relações, as nossas cooperativas agropecuárias vêm aumentando seus investimentos em agroindústria, melhorando a renda de seus cooperados, participando crescentemente do comércio externo.

Com o objetivo de atender a demandas que vão surgindo entre consumidores daqui e de fora, a indústria vem desenvolvendo, junto com o governo, iniciativas voltadas para a saudabilidade, isto é, produção de alimentos saudáveis. Cerca de quatro termos de compromisso já assinados com o Ministério da Saúde levarão à gradual redução do sódio em 35 categorias de alimentos, com a meta de reduzir 28 mil toneladas desse ingrediente até 2020 (já foram retiradas mais de 17 mil toneladas). Na mesma direção caminha acordo para retirar 310 mil toneladas de gorduras trans de alimentos industrializados e também para reduzir o consumo de açúcar.

Temas complexos como a rotulagem, hoje muito discutida globalmente, fazem parte do dia a dia da indústria de alimentos.

A Feira Anufood de São Paulo foi uma demonstração do potencial desse grande setor da indústria de transformação do Brasil, e espera-se que se repita, ainda mais participativa, em 2020.

*Texto originalmente publicado pelo Jornal O Estado de S. Paulo.
Roberto Rodrigues
Ex-Ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas
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