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Diversas

Em Chicago as cotações da soja nesta semana se mantiveram em alta
Publicado em 07/05/2021 às 11h52
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Em Chicago as cotações da soja nesta semana se mantiveram em alta, com o bushel rompendo o teto dos US$ 16,00. Com isso, o fechamento desta quinta-feira (06/05), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 16,05/bushel, contra US$ 15,42 uma semana antes. Por sua vez, a média de abril fechou em US$ 14,65, contra US$ 14,36/bushel em março. O ganho médio no mês foi de 3,6%. Lembrando que em abril do ano passado a média havia sido de US$ 8,43/bushel, ou seja, 73,8% abaixo do valor médio de abril do corrente ano. Neste momento, as cotações da soja em Chicago estão 93,4% acima do valor praticado no mesmo momento de maio do ano passado. Destaque para o óleo de soja naquela Bolsa que, embora tenha baixado um pouco de preço durante a semana, também continua com cotações perto dos níveis históricos.

O mercado entra na expectativa do relatório mensal de oferta e demanda do USDA, o qual deverá ser anunciado no dia 12 de maio próximo. Este relatório trará as primeiras projeções de volume a ser colhido na safra que está sendo semeada agora nos EUA, além de ajustes na estimativa de área e nos estoques finais.

E no que diz respeito ao plantio da nova safra de soja nos EUA, até o dia 02/05 a mesma atingia 24%, contra a média histórica de 11%. Ou seja, o plantio avança rapidamente, não sofrendo problemas climáticos até o momento. Mesmo assim, o mercado continua sustentando altas nas cotações. Isso porque as atenções estão voltadas para o clima nos EUA, pois qualquer problema nesta safra, diante de estoques muito reduzidos, deixará a oferta interna da oleaginosa em dificuldades. Na prática, o mundo estaria passando por um momento em que a produção geral tem sido menor do que o consumo, fato que sustenta as cotações.

Assim, se o potencial de baixa nas cotações existe, na medida em que a bolha especulativa estoura a partir de uma safra normal nos EUA, igualmente é verdadeiro o fato de que as cotações podem subir ainda mais, do que atualmente, caso ocorra problemas climáticos nos EUA que levem a uma quebra de safra local.

No caso do milho o processo é o mesmo, porém, o cereal possui estoques mais elevados tanto nos EUA quanto no mundo. Mas a quebra da safrinha brasileira, já existente em muitas regiões, com possibilidades de aumentar, já traz também efeitos sobre as cotações internacionais do milho.

Neste contexto, é preciso igualmente olhar a demanda chinesa, a qual, embora ainda forte, parece estar diminuindo neste ano. Mesmo assim, analistas internacionais consideram que a demanda por soja continuará forte no mundo em função das boas margens de ganhos registradas na produção de carnes.

Dito isso, os embarques de soja por parte dos EUA, na semana anterior, somaram 143.418 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. O total exportado até este momento, no atual ano comercial, chega a 55,4 milhões de toneladas, volume 89% superior ao registrado um ano antes.

Já no Brasil, puxados pelo câmbio, que trouxe o Real a R$ 5,34 por dólar em alguns momentos da semana, os preços recuaram. A média gaúcha no balcão perdeu cerca de quatro reais por saco em relação a semana anterior, ficando em R$ 166,40. Nas demais regiões do país os preços médios oscilaram entre R$ 162,00 e R$ 168,00/saco. Além do câmbio, diminuiu a pressão da demanda interna, com muitas indústrias trabalhando com soja já estocada ou importando o produto do Paraguai. Como o prêmio continua ao redor de zero e até negativo em alguns portos brasileiros, o que sustentou os preços e impediu um recuo maior foi Chicago.

Em termos de colheita, a mesma caminha para o final. O Rio Grande do Sul, um dos últimos Estados a colher, na semana anterior atingia a 80% da área, tendo avançado muito bem nesta última semana e praticamente finalizado a mesma. Estariam faltando poucas áreas a serem colhidas.

Em termos de exportação, o mês de abril bateu recorde, com o Brasil embarcando 17,38 milhões de toneladas, contra 14,85 milhões em abril de 2020. Neste inicio de maio o ritmo de embarques continua firme, buscando recuperar o atraso na disponibilidade do produto em função da colheita tardia. Já a Anec projeta exportações de 11,96 milhões de toneladas. Até o momento, em todo o atual ano comercial iniciado em 1º de fevereiro aqui no Brasil, o país exportou 33,8 milhões de toneladas de soja, esperando-se que mais 30 milhões sejam exportadas em maio e junho. No total do ano de 2021 o Brasil pode alcançar 85 milhões de toneladas vendidas ao exterior. Há a possibilidade de o país ter mais soja para exportar em função da redução da demanda no esmagamento devido a redução da mistura de biodiesel, a qual caiu de 13% para 10%.

O valor médio da tonelada exportada em abril, segundo a Secex, ficou em US$ 414,10, contra US$ 338,70 em abril do ano passado. Um aumento de 22,3% em um ano.

Outrossim, importante salientar que as exportações para a China estão menores neste ano. Segundo dados da Anec, já computando as projeções para maio, nos primeiros cinco meses do corrente ano o país exportará 1,68 milhão de toneladas a menos de soja em relação ao mesmo período do ano passado. Já em farelo, a exportação será menor em 609.157 toneladas.

Assim, o mercado brasileiro de soja passa por um momento de indefinição, havendo ainda bastante soja a ser comercializada da última safra (cerca de 30% do total). Ao mesmo tempo, os preços tendem a ceder caso o câmbio mantenha a valorização do Real nas próximas semanas. A partir de agora entramos em um período de muitas oscilações de preços, até se definir a safra nos EUA e a tendência das cotações em Chicago a partir daí, assim como o quadro cambial no Brasil. Novas altas nos preços nacionais estão longe de serem garantidas e os produtores que ainda não venderam sua produção, ou parte dela, podem estar deixando uma oportunidade importante diante dos atuais preços praticados. Há muitas incertezas para os meses futuros neste mercado. Pelo sim ou pelo não, o momento atual do mercado nacional da soja é de muita cautela, pois o mercado estaria iniciando um processo de reequilíbrio após os preços recordes destes últimos seis meses. Tudo indica, em condições normais de safra nos EUA, que o melhor momento de preços neste ano por aqui será o primeiro semestre, embora não haja certeza sobre isso.

Enfim, vale alertar para o fato de que as tradings multinacionais, que operam aqui no Brasil, estarem monitorando de perto os produtores, inclusive usando satélites, agentes de campo e muitos advogados visando garantir o cumprimento, por parte dos produtores nacionais, dos contratos fechados no ano passado, quando o preço préfixado da soja acabou ficando menor do que o atual. Aqueles produtores que consideram necessário tentam renegociar os contratos. A questão é simples: se os produtores entregam o produto aos preços fixados, cumprindo os contratos, os comerciantes terão lucro; se os produtores conseguirem renegociar os contratos com as empresas, podem melhorar seus ganhos. O fato é que, em muitos casos, os produtores dizem que os comerciantes estão exigindo a entrega da soja mesmo quando nenhum contrato foi assinado. Haveria casos em que a venda foi feita pelo WhatsApp. Em outros, os compromissos foram assumidos por telefone ou e-mail. Ora, diante de preços agora maiores do que os contratos realizados, embora estes últimos sejam largamente convincentes, os produtores reagem e as tradings multinacionais passam a usar métodos mais agressivos para garantir que o produtor entregue o produto conforme o contrato

Neste momento, segundo um escritório de advocacia, as suas ações judiciais contra produtores já atinge o número de 40, contra duas ou três em anos anteriores. Neste contexto, alguns produtores de soja estão acusando os compradores de assediá-los e violar sua privacidade para garantir a entrega de produto. A situação chegou ao ponto de um produtor de Goiás fazer um boletim de ocorrência (BO) contra uma empresa alegando que a mesma estava filmando sua propriedade sem autorização, enquanto espalhava no mercado a informação de que a soja desta propriedade lhe pertenceria.

Assim, enquanto as empresas e seus advogados jogam duro para fazer cumprir os contratos, formais ou informais, os produtores insistem na cláusula de retorno/revisão dos contratos, o que lhes daria o direito de rescindir os contratos sem pagar multas de 30% a 50% do preço à vista da soja comprometida. As empresas têm alegado que o desrespeito dos contratos traz um risco de "quebra na cadeia" por falta de liquidez. Isso pode comprometer os negócios futuros. Para se ter uma ideia da situação, a empresa CJ Selecta (que é parte do grupo sul-coreano CJ Cheiljedang) tinha cerca de 2.000 contratos de soja ativos e mais de 400 fazendas sob monitoramento nesta safra.

O objetivo foi garantir que os produtores não desistissem de vender a soja já contratada para obter preço maior de outro comprador. Em Minas Gerais ela conseguiu, judicialmente, arrestar 3.600 toneladas de soja de uma propriedade rural que teria tentado alterar o contrato estabelecido ainda em maio/20. Já a Agrobom (que tinha contratos de venda de soja para a Bunge), usando evidências colhidas em mensagens de WhatsApp, obteve uma ordem judicial para arrestar milhares de sacas de soja de produtores que queriam renegociar os preços, pois ela não teria como comprar a soja no mercado à vista se o vendedor não entregasse o produto, segundo seu advogado.

Na maioria dos casos, as decisões da Justiça foram favoráveis às empresas de grãos, embora os produtores tenham argumentado que contratos informais não deveriam ser vinculantes. Por sua vez, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) anunciou, em fevereiro, a criação de uma ferramenta que permite aos compradores de grãos compartilhar informações sobre os sojicultores, além de alguns detalhes dos seus contratos.

A plataforma, que desagradou a alguns produtores, é administrada por terceiros e respeita as leis do Brasil, diz a Abiove. Juntamente com o monitoramento realizado pelas tradings nesta safra, a ferramenta ajudou a manter a inadimplência abaixo de 1% dos contratos, disse o presidente da Associação. A ferramenta poderá também ser usada para monitorar os produtores de milho no Brasil, mas a decisão não está tomada, disse. Já a Aprosoja criticou o compartilhamento de informações acerca de contratos privados de soja, dizendo que isso poderia violar as leis de proteção de dados, sendo que o monitoramento dos produtores serviria também para colocar o produtor em uma lista negra caso rompesse com os contratos.
Fonte: Mais Soja
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