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USDA reduz superávit internacional de 6,77 para 5,03 mt - Por: Maurício Muruci
Produção anual deve subir 8,15 mt saindo de 175,30 para 183,46 mt entre as safras 2022/23 e 2023/24; Demanda deve avançar 2,12 mt ao sair de 176,30 para 178,43 mt entre a safra passada e a atual que começou agora em outubro; USDA destaca produção da Europa e evita comentar saldo global; Estoques internacional devem ter forte nível de queda ao longo da safra nova
Publicado em 11/12/2023 às 08h30
Foto Notícia
Os dados mais recentes do segundo relatório semestral do USDA relativos a estimativa anual para a safra 2023/24 publicado no dia 21 de novembro mostram um cenário muito divergente entre as estimativas da Secretaria de Agricultura dos Estados Unidos e o restante do mercado internacional. Vários agentes externos estimam déficits no saldo de balanço entre a oferta e demanda mundial de açúcar, o qual é liderado pela Organização Internacional do Açúcar [ISO] que aponta atualmente um déficit de 2,1 milhões de toneladas. Já o USDA, com seus dados mais recentes do segundo reporte semestral de novembro, seguem apontando um saldo positivo de 5,03 milhões de toneladas o qual destoa gravemente do saldo da ISO que é negativo em 2,1 milhões de toneladas.

É interessante notar que o saldo do USDA era maior em seu reporte de maio deste ano [o primeiro semestral de 2023], oscilando em 7,83 milhões de toneladas. Porém o mercado segue claramente cético com as estimativas do USDA mesmo com o ajuste negativo de 35,81% no saldo de superávit de maio para novembro, com queda absoluta de 2,80 milhões de toneladas que reduziu a estimativa de superávit de 7,83 para 5,03 milhões de toneladas. Prova disto é que no dia seguinte a publicação do reporte do USDA [porque este fora publicado após o fechamento do mercado do dia 21 de novembro] os preços da commodity em Nova York, com base no atual driver Março/24, despencaram 1,90%, dando uma clara responda sobre a percepção dos agentes frente aos novos dados do USDA.

A interpretação que ficou é que o recuo de 2,80 milhões de toneladas no saldo superavitário de açúcar passou longe de “assustar” o mercado, visto que os volumes ainda se mostram excessivamente superavitários em 5,03 milhões de toneladas, destoando exponencialmente em mais de 7 milhões de toneladas entre as realidades de mercado observadas pela ISO e pelo USDA [diferença entre os saldos de ambos]. Logo, o questionamento não foi apenas pela manutenção do saldo positivo, mas pela intensidade do mesmo, visto que se o USDA se mantivesse positivo ainda que marginalmente acima da zona de neutralidade, o mercado retomaria parte da credibilidade nos dados da secretaria. 

Outro ponto importante foi a queda forte nos estoques internacionais. Segundo o USDA, entre as safras 2022/23 e 2023/24, os estoques iniciais deverão recuar 11,90 milhões de toneladas [-26,24%] ao sair de 45,35 para 33,45 milhões de toneladas. Quase a metade do ajuste de baixa destes estoques já havia sido realizada no reporte de maio quando até então o USDA estimava 38,86 milhões de toneladas, os tendo ajustado negativamente em 5,40 milhões de toneladas. Já os estoques finais da temporada nova 2023/24 deverão ter fortes ajustes de baixa na safra, recuando 5,18 milhões de toneladas [-13,33%] ao sair de 38,86 para 33,68 milhões de toneladas. Apesar disto a SAFRAS & Mercado alerta que, segundo os dados do USDA, o desenvolvimento da safra corrente 2023/24 deverá apresentar crescimento nos estoques, visto que estes devem iniciar a temporada em 33,45 e finalizar o período em 33,68 milhões de toneladas.

Aqui a SAFRAS & Mercado alerta para outra divergência frente ao comportamento das três principais origens produtoras, sendo que a Índia e a Tailândia possuem quebra em suas safras e o Brasil possui alta de produção, mas excesso de chuvas que dificulta a colheita e atrapalha o escoamento dos embarques, destoando de um cenário de avanço dos estoques dentro da temporada na faixa ainda que marginal de 226 mil toneladas [+0,68%] dentro da temporada. Mesmo assim, os preços do açúcar em Nova York recuando em quase 2,0% no day after da publicação do USDA, reforçou a leitura de que o mercado não tem mantido em crédito as projeções mais recentes do USDA, tanto para o saldo do balanço de oferta e demanda quanto para os estoques.
 
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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