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Prêmios do açúcar cristal sobre o hidratado oscilam em 110% em dezembro - Por: Maurício Muruci
Queda mais intensa no anidro e no hidratado fez com que os prêmios do açúcar cristal sobre o etanol fossem elevados de 95% para 110% entre novembro e dezembro de 2023; Para janeiro de 2024 cenário deve se manter dentro deste mesmo padrão com a vantagem do açúcar se mantendo em 109%; Fundamentos do mercado interno devem ter pouca alteração no curto prazo
Publicado em 03/01/2024 às 16h35
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O ano de 2023 foi finalizado com prêmios médios do açúcar cristal com até 150 Icumsa sobre as médias de preços do etanol anidro e hidratado [ambos convertidos em reais por saca de 50 kg equivalentes ao açúcar cristal com até 150 Icumsa, com base em Ribeirão Preto] na faixa de 66,01%. Esta média geral de 2023 se mostrou 37,66 pontos porcentuais mais alta que a vista em 2022, a qual oscilou em 28,35%. É interessante notar que além da média geral do ano, somente em dezembro de 2023 os prêmios do açúcar cristal sobre o etanol hidratado se mostraram em 110,48%, bem acima das expectativas da SAFRAS & Mercado para o período que eram de 100,89%.

Antes destes ganhos intensos de dezembro acima dos 100%, os meses de setembro, outubro e novembro se mostraram com avanços muito fortes [respectivamente em 82,07%, 94,11% e 95,98%], indicando que os últimos quatro meses de 2023 foram de prêmios bem mais intensos que a média geral de 2023, em 66,01%, a qual se mostrou fraca até quando observamos o padrão do final do segundo semestre do ano. É claro que os meses de fevereiro, março e abril foram períodos com prêmios entre 37% a 38%, o que acabou interferindo negativamente na média anual. A SAFRAS & Mercado alerta que os fortalecimentos dos prêmios do açúcar cristal sobre as médias de preços do etanol anidro e hidratado ocorreu nos últimos quatro meses de 2023 em função da queda nos preços do etanol.

O açúcar até mesmo recuou no mercado físico neste mesmo período, mas em intensidade marginal quando comparada com as evoluções dos preços do anidro e do hidratado em reais por litro no mercado físico. O etanol teve sua pressão negativa acelerada pelas usinas em função da necessidade das mesmas em escoar os elevados volumes de produção, com a safra corrente 2023/24 em níveis recordes e históricos. A escalada na produção derrubou os custos de produção por litro, o que possibilitou quedas nos preços nas usinas de modo que a competitividade fosse ampliada para que os níveis elevados de produção e estoques fossem escoados.

Na outra ponta o açúcar cristal também teve perdas, igualmente pelo avanço da safra em termos elevados de matéria prima que possibilitou a elevação na oferta. Porém, esta tem ocorrido de forma lenta quando comparada com a do etanol. Além disso, as usinas que produzem açúcar cristal acabaram elevando muito os estoques do mesmo ao longo da temporada, reduzindo a disponibilidade de oferta no físico. Como o açúcar cristal possui uma capacidade de armazenamento maior que o etanol [em termos de tempo de armazenamento] as usinas conseguiram ter uma capacidade de gerenciamento de oferta de açúcar bem maior que a observada sobre etanol, o que resultou em quedas mais brandas para o açúcar do que para o anidro e o hidratado.

O mês de dezembro foi um exemplo isolado desta questão que também traduziu o comportamento de todo o ano de 2023. Olhando a evolução na margem, frente a quinzena imediatamente anterior, vemos que enquanto o açúcar cristal caiu 2,46% frente a novembro [o que não é nada desprezível], o anidro acabou caindo 7,06% e o hidratado outros 11,15%, resultando em uma média de baixa entre ambos de 9,11%. Foi por conta disto que os prêmios do açúcar cristal evoluíram de 95,98% para 110,48% de novembro para dezembro, mesmo em um cenário de queda nos preços do açúcar cristal de 2,46%. Para janeiro de 2024 a SAFRAS & Mercado estima queda de 3,80% nos preços do anidro e alta de 0,90% nos preços do hidratado que devem resultar em uma queda média de 1,45%. Por sua vez o açúcar cristal no mercado físico deverá recuar 1,69%. Com isto os prêmios do açúcar cristal deverão baixar dos atuais 110,48% para 109,90%.
 
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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