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Hidratado remunera 39% menos que o açúcar bruto em março - Por Maurício Muruci
Vetores de formação de preços tanto do açúcar quanto do etanol hidratado se mostraram pouco alterados em março com relação a fevereiro, o que resultou na baixa volatilidade na defasagem do hidratado; Para abril a SAFRAS & Mercado estima defasagem do hidratado frente ao açúcar na faixa de -42%, levemente maior que a defasagem vista em março
Publicado em 09/04/2024 às 09h09
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O mês de março foi um período marcado pela estabilidade nos níveis atuais de defasagem dos preços do etanol hidratado negociado no mercado físico brasileiro contra os preços do açúcar bruto em Nova York, com ambos convertidos em centavos de dólar por libra-peso e colocados dentro da usina. Em linhas gerais ao longo de março a defasagem do hidratado frente ao açúcar bruto de Nova York oscilou em -39,05%, sendo um valor muito próximo, apenas 1,30 ponto porcentual de distância, do nível de -40,36% visto em fevereiro.

No mês passado a SAFRAS & Mercado havia estimado que a diferença de preço do etanol hidratado contra o açúcar bruto de Nova York deveria oscilar ao redor dos -38,03% em março, valor que se mostrou apenas 1,02 ponto porcentual maior que a média efetiva observada no período em -39,05% vista em março. Para abril a atual expectativa da SAFRAS & Mercado é de uma correlação ainda negativa para o etanol hidratado, porém na faixa de -38,52%.

A redução da defasagem dos preços do hidratado em abril com relação a março deverá ser de 0,54 pontos porcentuais e manterá os padrões de baixa remuneração do etanol hidratado frente ao açúcar bruto de Nova York abaixo da casa dos -40%, patamar recém perdido em março mas o qual será mantido em abril. Isto deverá ocorrer primeiramente por uma elevação nos preços do etanol hidratado no mercado físico ao longo de abril que terão médias de R$ 2,80 o litro contra média de R$ 2,62 o litro visto em março. Porém essa elevação nos preços do hidratado em reais por litro será em parte neutralizada pela desvalorização do real frente ao dólar que terá a sua média de cotações elevada de R$ 4,96 para R$ 5,01 entre março e abril.

É importante notar que quanto mais desvalorizado for o real contra o dólar, menor serão os preços do etanol hidratado quando convertidos de reais por litro para centavos de dólar por libra-peso, sendo que o movimento de desvalorização do real frente ao dólar se mostra negativo para os preços do etanol hidratado na conversão cambial.

Na outra ponta teremos um sentido oposto ao açúcar bruto de Nova York. Este, mesmo com a mudança na posição driver de Maio/24 para Julho/24 [com a sua consequente queda na escala de preços que geralmente ocorre da primeira para a segunda tela], terá uma média de preços mais elevada entre março e abril, a qual deverá sair de US$/cents 21,72 para US$/cents 22,52. Esta elevação nos preços ocorrerá ao longo da média do mês em função da demora da safra nova do Centro-Sul do Brasil em regular a disponibilidade de oferta de açúcar novo da temporada 2024/25.

Os padrões iniciais de moagem de cana das usinas nas primeiras três quinzenas oscilam entre 70% a 100% para o etanol, por questões técnicas e operacionais, o que formará o suporte para a manutenção de preços levemente mais elevados ao longo de abril. Um detalhe importante é que a SAFRAS & Mercado alerta para o padrão limitado dos ganhos no máximo a US$/cents 22,50.

Valores maiores que estes também são descartados daqui para frente visto que as safras tanto da Índia quanto da Tailândia têm surpreendido positivamente nos meses finais de sua moagem de cana. Esta percepção maior de oferta no curto prazo [1,5 milhão de toneladas de açúcar da Índia e 700 mil toneladas da Tailândia] limitarão avanços mais significativos do açúcar bruto em Nova York em direção aos
US$/cents 23,00.

Com isso os diferenciais do etanol hidratado frente ao açúcar bruto também terão suas quedas limitadas a faixa dos -38% a -39% sem necessariamente avançar sobre a região dos -40% a -45% como inicialmente era previsto. Apesar disto a queda na remuneração auxiliar do Cbios também impedirá que a correlação negativa de preços do etanol seja amenizada ao ponto de recuar para padrões na faixa dos -
37%.

Ainda no quesito de remuneração auxiliar, as indicações mais fortes nos prêmios de exportação sobre o VHP em Santos já têm se mostrado mais altas desde a segunda metade de março, evoluindo de US$/cents 0,65 para níveis de US$/cents 1,00, o que fortalece a remuneração do açúcar mantendo o padrão de equilíbrio de forçar.
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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