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Economia

Combustíveis: tarifaço à vista
Mais cedo ou mais tarde, a Petrobras vai ter que se alinhar com o mercado internacional
Publicado em 15/04/2024 às 10h40
Foto Notícia
A Petrobras está mantendo os preços dos combustíveis artificialmente abaixo das cotações internacionais do petróleo. Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem estaria em 19% na gasolina e em 12% no diesel.

Uma situação muito parecida com a de agosto de 2023, quando a Petrobras chegou a ter uma defasagem de quase 30% nos dois combustíveis.

No dia 15 de agosto do ano passado, a Petrobras anunciou um tarifaço de 25,8% no diesel e de 16,3% na gasolina. O mercado está esperando que esse cenário volte a ocorrer muito em breve.

Queimando caixa

A diferença em relação ao ano passado é que, antes, a Petrobras não tinha permanecido por muito tempo com essa defasagem. “Agora são mais de 175 dias sem reajuste no preço da gasolina e 107 dias no preço do diesel”, explica a Oeste Sergio Araujo, presidente executivo da Abicom.

A Petrobras já teria queimado mais de R$ 10 bilhões para manter os preços artificialmente baixos no Brasil.

“Já passou da hora de alinhar o mercado interno com o internacional”, explica Sergio Araujo. “Essa situação terá consequências negativas no balanço da Petrobras. Mas sabemos que existem pressões políticas vindo do governo que impedem esse reajuste.”

A Petrobras já teria queimado mais de R$ 10 bilhões para manter os preços artificialmente baixos no Brasil | Foto: Shutterstock

Vai piorar

Segundo Evaristo Pinheiro, presidente da Refina Brasil, entidade que reúne as refinarias privadas, a situação pode piorar nas próximas semanas.

“As tensões no Oriente Médio, os cortes de produção da Opep+ já anunciados, a perspectiva de retomada do embargo americano ao petróleo da Venezuela, são todos fatores que contribuem para uma elevação do preço dos combustíveis”, diz Pinheiro.

Se a Petrobras decidir realinhar os preços internos aos internacionais, o tarifaço para o motorista será de R$ 0,66 para a gasolina e de R$ 0,46 para o diesel.

“Ninguém sabe quando esse tarifaço vai acontecer”, diz Pinheiro. “Mas vai acontecer. Estranho que já não tenha ocorrido.”

Acionistas em pé de guerra

Os acionistas minoritários estão furiosos com essa situação. Em 2023 eles já amarguraram um resultado 33% menor que no ano anterior. E não estão dispostos a deixar mais dinheiro na mesa.

Existe o risco de acionistas americanos processarem a Petrobras por causa dos prejuízos provocados por essa política. A cada dia que o preço do petróleo sobe e os preços dos combustíveis permanecem iguais, a Petrobras perde mais dinheiro.

Entre as questões que colocaram o cargo de Jean Paul Prates em risco está também a vontade da diretoria de realinhar os preços, em contraste com a vontade do governo de mantê-los represados.

A cada dia que o preço do petróleo sobe e os preços dos combustíveis permanecem iguais, a Petrobras perde mais dinheiro | Foto: Shutterstock

Cofres públicos também choram

Outra forte pressão para o realinhamento dos preços vem do Ministério da Economia, pois esses preços tão baixos já provocaram um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão para os cofres públicos em perda de arrecadação de PIS e Cofins.

Além disso, a política da Petrobras está desfavorecendo o etanol, os investimentos em transição energética e o trabalho dos importadores de combustíveis. Ou seja, todos os setores que estão pagando menos impostos por causa dos menores resultados.

* Publicado originalmernte na Revista Oeste, leia aqui.
Por Carlo Cauti
Revista Oeste
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