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USDA eleva produção da China para 2024/25 para 10,4 milhões de toneladas - Por: Maurício Muruci
Primeira indicação da safra nova reforça crescimento na oferta do país em linha com padrão para toda a Ásia; SAFRAS & Mercado esperava oferta de 10,2 milhões de toneladas; Safra anterior 2023/24 teve sua produção cortada de 10,0 para 9,9 milhões de toneladas; Estoques iniciais da safra nova 2024/25 devem ter forte queda de 2,09 milhões de toneladas para 781 mil toneladas; Aumento na demanda interna fundamenta crescimento na área plantada tanto de cana quanto de beterraba para elevação da produção local de açúcar; Relação Estoque/Consumo deverá ter forte queda na safra nova.
Publicado em 13/05/2024 às 09h19
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Os dados mais recentes da Secretaria de Agricultura dos Estados Unidos, como prévia do reporte semestral de maio deste ano, mostram que, sobre a China na safra nova 2024/25, haverá um importante crescimento na oferta de açúcar de 9,9 para 10,4 milhões de toneladas frente a safra anterior. Este crescimento, em uma primeira análise, é maior que a estimativa da SAFRAS & Mercado sobre a safra nova que já esperava uma alta na oferta, embora na faixa de 10,2 milhões de toneladas. 

Além disso, os números da safra passada 2023/24 foram negativamente revisados de 10,0 para 9,90 milhões de toneladas, o que deixa a primeira indicação para a safra nova 2024/25, em 10,4 milhões de toneladas, com um salto ainda maior na produção. Este crescimento basicamente ocorre em função na maior necessidade de oferta, tanto pelos estoques baixos do país quanto pela perspectiva maior de consumo interno.

Isto tudo levou ao incremento das áreas plantadas tanto de cana quanto de beterraba sobre a safra nova 2024/25 para dar vazão a este nível de demanda extra a qual, na visão da SAFRAS & Mercado, já vem ocorrendo desde o segundo semestre do ano passado, lembrando que o contrato driver Outubro/23 tivera um recorde de volumes de entregas físicas de 3,0 milhões de toneladas totalmente destinados a China. Logo, ainda que os novos dados do USDA traduzam uma China mais assertiva na demanda internacional pela commodity, este movimento já vem sendo realizado desde o ano anterior, não devendo provocar um impacto exponencial de alta nos preços internacionais, e sim, gradual, até porque não é de interesse da China provocar movimentos de alta muito fortes no mercado.     

A área plantada de cana na China deverá ser de 1,210 milhão de hectares, 4,31% acima da área de 1,16 milhão de hectares da safra passada 2023/24. Por sua vez a área de beterraba da China na safra nova 2024/25 em 188 mil hectares deverá se mostrar 4,44% acima da área de 180 mil hectares da safra anterior. Somados os crescimentos, o açúcar terá uma área adicional de plantação de cana e beterraba de 5,08 milhões de hectares de origem de matéria prima que fundamentam o crescimento na oferta de açúcar em meio milhão de toneladas. 

Outro ponto importante nos dados é a demanda interna que na safra atual 2024/25 deverá ser de 15,70 milhões de toneladas, apenas 100 mil toneladas a mais que as 15,6 milhões da safra passada. Porém a safra anterior teve um ajuste de alta pelo USDA, também de 100 mil toneladas, visto que inicialmente era estimada em 15,5 milhões de toneladas e não 15,6. Logo, no saldo final temos uma demanda extra de 200 mil toneladas no país entre a revisão da safra passada e a estimativa da safra nova.

Outro ponto muito importante é sobre os estoques da China, visto que uma forte queda tanto nos iniciais quanto nos finais é observada, o que manterá o país com viés comprador mesmo com níveis de crescimento na sua oferta interna. Os estoques iniciais para a safra nova 2024/25 estão projetados em 781 mil toneladas pelo USDA, com forte decrescimento frente os estoques iniciais da temporada anterior que atualmente estão indicados em 2,091 milhões de toneladas. 

O USDA não revisou os dados da safra passada, os mantendo estáveis. Mesmo assim a queda é intensa, de 62,65% ou 1,310 milhões de toneladas. O mesmo podemos dizer dos estoques finais da safra atual 2024/25 que, estimados em 271 mil toneladas, além de se mostrarem 65,30% menores que os estoques iniciais [queda de 510 mil toneladas], também se mostram 73,12% menores que a primeira estimativa de estoques finais da temporada anterior feita pelo USDA, que oscilava em 1,008 milhão de toneladas. Com isso, entre a revisão negativa da safra anterior e os novos dados da safra 2024/25 temos uma queda acumulada nos estoques finais de 737 mil toneladas. 

Com isso a SAFRAS & Mercado chama especial atenção para a queda vertiginosa e perigosa para os padrões internos de segurança alimentar da China da relação Estoque/Consumo que entre a temporada 2023/24 e a 2024/25 deverá recuar de 5,01% para 1,73%, sendo um valor exponencialmente abaixo da média vista entre as safras 2013/14 e a 2021/22 que oscila entre 45,93%, com picos de 66,60% em 2014/25 e vales de 26,15% em 2019/20. Por fim, o USDA relata em sua parte textual do relatório que tanto a produção de cana quanto a produção de beterraba enfrentam desafios a sua capacidade de expansão de áreas plantadas apesar do crescimento já registrado para esta safra. 

É mencionado que o governo da China tem enfrentado problemas para a manutenção da população mais jovem nas áreas rurais, com fortes níveis de migrações para as zonas urbanas e que além das áreas de cana, as plantações de milho, arroz e trigo também apresentam limitações em suas capacidades de crescimento. Para a cana o governo observa também dificuldades na mecanização ao passo que tem promovido medidas de incentivo e estímulos financeiros através dos governadores das provinciais locais para reverter a situação.  
 
Maurício Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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