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Diferencial do hidratado recua brevemente em julho - Por: Mauricio Muruci
Defasagem do hidratado no mercado físico passou de -27% para -24% de junho para junho limitada pelo dólar; Ganhos fortes do hidratado no mercado físico foram neutralizados em grande parte pela elevada desvalorização do real frente ao dólar; Colaborou também para a baixa volatilidade do diferencial do hidratado a alta moderada do açúcar em Nova York junto a queda forte no Cbios; Para agosto a perspectiva da SAFRAS & Mercado é de ampliação do diferencial para -31%
Publicado em 05/08/2024 às 16h12
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Os níveis mais recentes de relação de preços entre o etanol hidratado no mercado físico e o açúcar bruto de Nova York, com ambos convertidos em centavos de dólar por libra-peso e colocados dentro da usina, mostraram uma leve redução do diferencial negativo sobre o etanol hidratado de junho para julho onde a relação de preços saiu de -27,90% para -24,37%. Esta redução na desvantagem do hidratado frente ao açúcar de 3,53 pontos porcentuais poderia ter sido bem maior para o etanol não fosse o forte movimento de desvalorização do real frente ao dólar ocorrido em julho.

Isto porque o etanol hidratado acabou se valorizando 7,95% na margem [frente ao mês imediatamente anterior] no mercado físico em reais por litro, passando de R$ 2,90 para R$ 3,13 na média geral do mês. Porém, a desvalorização do real frente ao dólar na escala de 2,79% acabou por deixar os preços do etanol hidratado, quando convertidos em centavos de dólar por libra-peso, com ganhos de apenas 4,91%, contra um padrão de alta nos preços do açúcar bruto em Nova York, sobre a primeira tela Outubro/24, na faixa marginal de apenas 0,92%.

Caso o câmbio tivesse permanecido estável em julho o hidratado teria apresentado uma redução em seu diferencial de forma bem mais intensa, na faixa de 5,70 pontos porcentuais, ao invés dos 3,53 pontos porcentuais de redução de diferenciais vistos em julho. Outro ponto que jogou contra o hidratado foi o comportamento dos preços do Cbios que tiveram uma queda expressiva na média de julho de 14,76%, com os preços dos contratos caindo da média de R$ 90,05 para a faixa de R$ 76,75.

A redução nos preços dos contratos de Cbios reduz também a remuneração do hidratado e a relação deste com o açúcar, neutralizando sua capacidade de redução da desvantagem sobre o açúcar bruto em Nova York. Outro ponto importante que jogou contra o hidratado em sua relação de preços foi o avanço do açúcar que, por menor que tenha sido, acabou ajudando na manutenção do padrão positivo frente ao etanol. Para o mês de agosto a SAFRAS & Mercado projeta uma nova ampliação dos diferenciais do hidratado frente ao açúcar.

A estimativa é que a média geral de agosto nesta relação de preços siga negativa para o etanol hidratado na faixa de 31,17%, sendo esta uma ampliação dos diferenciais na faixa de 6,80 pontos porcentuais. Isto tudo acontecerá mesmo frente a ganhos na margem [de agosto frente a julho] estimados em 1,54% sobre os preços do etanol hidratado no mercado físico [que deverão passar de R$ 3,13 para R$ 3,18 o litro]. Estes serão novamente neutralizados pela desvalorização do real frente ao dólar que, na média mensal, na visão da SAFRAS & Mercado, deverá recuar 1,48% [saindo de R$ 5,5183 para R$ 5,60].

Esta desvalorização do real frente ao dólar deverá manter os preços do etanol hidratado em centavos de dólar por libra-peso na faixa dos US$/cents 13,36, praticamente na mesma faixa dos preços vista agora em julho. Porém uma grande diferença de julho para agosto será o aumento esperado nos preços do açúcar bruto em Nova York o qual deverá avançar 8,52%, ao sair de US$/cents 19,35 para US$/cents 21,00. Exatamente este será o foco central da retomada do aprofundamento dos diferenciais do hidratado frente ao açúcar de Nova York, junto com a desvalorização continuada do real frente ao dólar, que seguirá neutralizando os avanços de preços do hidratado em reais por litro.

Outro ponto que vai em linha nesta tendência é a elevação do basis pago em Santos para a exportação do VHP. Este deverá avançar 42% entre as médias de julho para agosto, saindo de US$/cents 0,14 para US$/cents 0,20. A elevação do prêmio de exportação do VHP ocorre diante do aprofundamento da quebra na safra de açúcar do Centro-Sul do Brasil, em um cenário em que, mesmo que não houvesse quebra, haveria uma tendência de alta na precificação do basis pela simples aproximação da entressafra.

Por sua vez, o Cbios do hidratado deverá se manter estável, sendo que a precificação acessória para o hidratado [através do Cbios] deverá se manter neutra enquanto que a precificação acessória do açúcar de Nova York [através do basis] deverá ter uma alta exponencial de 42% junto a continuidade da influencia negativa do câmbio sobre o hidratado. Recentemente de junho para julho o basis em Santos sobre o açúcar apresentou queda de 40% ao sair de US$/cents 0,23 para US$/cents 0,14, o que resulta que em agosto haverá uma compensação das quedas recentes de curto prazo.
Mauricio Muruci
Analista pela Safras & Mercado, atua há 12 anos em análise econômica e de mercados agrícolas. Graduando em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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