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Diversas

Mercado financeiro se prepara para o lançamento de contratos a termo de CBios
Publicado em 30/05/2022 às 08h14
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O mercado trabalha para o lançamento de contratos a termo de Créditos de Descarbonização (CBios) -- bancos e a B3 já participam de fóruns de discussão sobre o assunto. No contrato a termo, vendedor e comprador fixam o preço de uma transação que vai ocorrer em uma data futura e isso serve para que produtores e importadores de biocombustíveis -- que emitem CBios -- e distribuidoras -- que têm metas compulsórias de compras desses títulos -- possam fazer hedge e se proteger das oscilações de preço.

"É importante mostrar uma precificação futura ao mercado", afirma ao Broadcast Agro o gerente da mesa de derivativos de commodities da tesouraria do Santander Brasil, Boris Gancev. "Nos dois primeiros anos do RenovaBio, houve emissão de CBios bem acima da meta, mas o cenário está mudando. Este ano já deve estar próximo da meta e talvez em 2023, com certeza em 2024, já projetamos déficit", prevê Gancev.

Ele ressalta ser importante mostrar aos participantes a expectativa "lá na frente", para o mercado antecipar cenários de escassez ou excedente e isso se refletir no preço. "Essa é a condição lógica de qualquer contrato futuro de commodity, mas o CBio não tem essa transparência hoje", disse.

Inicialmente, o plano é que os contratos a termo sejam lançados em balcão -- ambiente para operações não registradas na Bolsa. "A B3, neste momento, está trabalhando para o desenvolvimento de derivativos de balcão de CBio", afirma o gerente de produtos de balcão da B3, Leonardo Betanho, em entrevista por e-mail. "Contratos futuros listados serão discutidos após esses avanços serem implementados".

Gacev, do Santander, estima que no futuro o CBio será um produto listado. "Quanto mais mostrarmos que há negociação futura, preço, entrega, que o mercado funciona no balcão, isso vai tirar as incertezas que a B3 pode ter em listar", afirma.

O mercado de CBios -- incluindo as novas modalidades de negociação -- serão discutidos na Conferência NovaCana 2022, que acontece em São Paulo (SP) nos dias 19 e 20 de setembro. Para conferir a programação completa, clique aqui.

Os contratos a termo só poderão ser negociados após ajustes na portaria 419/2019, do Ministério de Minas e Energia (MME), que regulamenta a comercialização de CBios. A ideia inicial é que, caso um agente financeiro negocie o contrato, ele não seja considerado parte da transação e, assim, possa ser conhecido, já que hoje a portaria estabelece que comprador e vendedor não podem se conhecer.

Uma consulta pública foi aberta para que os interessados enviem sugestões ou comentários acerca das mudanças. O prazo para propostas foi prorrogado e já se encerrou; agora elas estão sendo analisadas. Hoje, já é possível a emissão de swap VCP, para o qual não havia necessidade de mudanças nas portarias, mas a avaliação do mercado foi que haveria mais interesse pelos contratos futuros a termo.

Os bancos se preparam para o novo produto, mas o lançamento tende a levar algum tempo, podendo acontecer em 2023. "Vamos sair de uma operação de serviço público para um serviço de crédito", diz a superintendente do corporate do Santander Brasil, Caroline Perestrelo. Ela lembra que o banco precisará analisar os emissores de CBio, já que assumirá riscos no contrato -- processo que não é simples.

O diretor de produtos e corporate sales do Itaú Unibanco, Eric Altafim, diz que, caso os contratos a termo aqueçam o mercado e atraiam mais compradores para o CBio -- em especial as companhias que não são obrigadas a adquirir esses títulos -- "é possível imaginar que o mercado futuro pode ser maior do que o spot".

O superintendente de produtos global markets e treasury do Itaú BBA, Luciano Diaferia, destaca que, em mercados desenvolvidos, o futuro costuma ser maior do que o mercado à vista. "O spot tem agentes diretos, enquanto os derivativos têm especuladores. Por essa lógica, há volume maior nos derivativos".

Hoje, as chamadas "partes não obrigadas", pessoas físicas ou empresas além das distribuidoras, podem comprar o contrato, mas o mercado secundário evoluiu pouco até o momento.

Betanho, da B3, diz que a liquidez do produto pode ser estimulada a partir da negociação do CBio por partes não obrigadas, gerando mercado secundário. "A discussão de derivativos tem como foco maior previsibilidade e acessibilidade ao produto para hedge dos preços", afirma.

Os CBios são emitidos por produtores e importadores de biocombustíveis no âmbito do programa RenovaBio. Cada título equivale a uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida em razão do uso de biocombustíveis. Distribuidoras têm metas anuais de compras desses créditos para mitigar suas emissões. A meta de 2022 é de 35,98 milhões de CBios. No acumulado do ano até a primeira quinzena de maio, o preço médio desse título foi de R$ 90,45, embora as cotações estejam em tendência de alta.
Fonte: Agência Estado
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