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Diversas

Última conferência FAPESP 60 anos propôs reflexões sobre o futuro da pesquisa e do fomento
Publicado em 15/12/2022 às 11h05
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Crédito: Agência FAPESP
A 17ª Conferência FAPESP 60 Anos e o lançamento do livro A Ciência no Desenvolvimento Nacional, organizado pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), marcaram ontem (14/12) o encerramento do ciclo de eventos comemorativos de seis décadas da criação da Fundação

"As comemorações começaram em maio de 2021 com a inauguração do portal do Desenvolvimento Sustentável, onde estão indexados cada um dos 17 ODS, todos os projetos e outras atividades apoiadas pela Fundação", lembrou o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago, citando, em seguida, os 24 webinários e conferências, Escolas São Paulo e outras atividades disponíveis no portal FAPESP 60 anos.

A 17ª Conferência e o livro organizado pela Aciesp propõem uma reflexão para o futuro da ciência, da inovação e do fomento à pesquisa. Carlos Henrique de Brito Cruz, que ao longo de 20 anos ocupou os cargos de presidente e diretor científico da FAPESP, falou sobre os desafios da pesquisa no Brasil (leia notícia).

Hernan Chaimovich, professor emérito do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que também foi assessor científico da FAPESP, apresentou estudo sobre os resultados das atividades de fomento da Fundação.

Segundo Chaimovich, garantia de recursos financeiros, total independência administrativa e avaliação rigorosa seriam "os três pilares que determinam os impactos intelectuais, sociais e econômicos dos investimentos da FAPESP".

Foi nessa perspectiva que Chaimovich tratou dos desafios que se apresentam para a FAPESP nas próximas décadas. "Manter a autonomia financeira dentro da Constituição do Estado; manter a independência na definição e no julgamento de projetos; aumentar a exigência de excelência na pesquisa e a repercussão social e econômica dos resultados", esses seriam os principais desafios. E acrescentou que "uma forma de enfrentar esses desafios é incrementar os impactos dos projetos financiados -- impactos intelectuais, sociais e econômicos".

Chaimovich desenvolveu de forma mais sistemática e exaustiva o tema no artigo "O Estado da Ciência", em que caracteriza três tipos de impacto da pesquisa, ressaltando em cada um deles também três características: o impacto intelectual, o impacto social e o impacto econômico.

O impacto intelectual engloba ideias que produzem novas ideias; ideias que fazem a humanidade mais sábia; e ideias que permitem formar geradores de ideias. O impacto social engloba ideias que afetam políticas públicas; ideias que diminuem a desigualdade; e ideias que melhoram a saúde da sociedade. E o impacto econômico engloba ideias que criam empresas e geram empregos; ideias que aumentam a competitividade de empresas; ideias que criam setores industriais.

Chaimovich analisou os efeitos do investimento da FAPESP com base no número de publicações científicas indexadas na plataforma Web of Science. "Até mais ou menos o começo da década de 1970, esse número era relativamente pequeno. Mas nesse período a FAPESP teve um papel fundamental, mandando jovens para se doutorarem no exterior. Muitos desses jovens voltaram. E o que aconteceu, a partir da década de 1970, foi que começou a explodir a produção científica no Estado de São Paulo", disse.

Chaimovich lembrou que, durante décadas, 50% da produção científica nacional passou a se originar no estado de São Paulo. "A partir de 2000, a produção paulista continuou a subir, mas a porcentagem de trabalhos do estado de São Paulo no montante nacional passou a cair e isso é muito bom. Decorre do efeito da FAPESP na formação de pessoas que foram nuclear programas de pós-graduação em todo o Brasil", explicou.

Comparando a curva ascendente da produção científica com as oscilações percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em relação ao PIB mundial, Chaimovich falou que "o cientista brasileiro, e o paulista em particular, é brutalmente resiliente", pois consegue manter sua produtividade a despeito das instabilidades da economia.

Porém, ressalvou, que "o impacto das publicações do Brasil, de São Paulo e daquelas financiadas pela FAPESP está bastante abaixo do impacto médio das publicações do mundo. O impacto das publicações paulistas é relativamente maior do que o das publicações brasileiras em geral, mas ainda estamos longe de ultrapassar a média mundial".

Chaimovich ponderou que isso não quer dizer que ciência de excelência, a ciência de fronteira e a ciência que abre fronteira não sejam produzidas por pesquisas financiadas pela FAPESP. "Muitas revistas de impacto mundial apresentaram em suas capas trabalhos financiados pela FAPESP. A média, contudo, não está acima da média mundial", disse.

O crescimento mais consistente do impacto observado nos últimos deve-se, segundo Chaimovich, ao esforço da FAPESP pela "internacionalização decente" da pesquisa em São Paulo. "Por que eu digo ´decente´? Porque internacionalização não pode ser feita por agência de viagens, tem que ser feita por agência de pesquisas. E, para promover uma internacionalização como a que a FAPESP faz, é preciso pensar junto com o estrangeiro, formular projetos junto com o estrangeiro, fazer pesquisa de impacto junto com o estrangeiro", argumentou.

Chaimovich comentou que em alguns países 90% da produção científica têm colaboração internacional, mas isso não quer dizer que a ciência autóctone seja boa. Quer dizer apenas que se publica fora por haver um parceiro fora. E destacou que os trabalhos muito bons que a FAPESP financia se encontram dentro dos 10% mais citados da literatura mundial.

A ciência no desenvolvimento nacional

O livro organizado pela Aciesp, lançado ontem, foi apresentado pela presidente da instituição, Vanderlan Bolzani, e pelo diretor-científico da FAPESP, Luiz Eugênio Mello, tendo cada um de seus sete capítulos e introdução detalhados por Adriano Andricopulo, diretor-executivo da Aciesp.

As apresentações da 17ª Conferência FAPESP 60 Anos e a apresentação do livro "A ciência no desenvolvimento nacional" podem ser assistidas na íntegra, clicando aqui
José Tadeu Arantes
Fonte: Agência FAPESP
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