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Brasil deve permanecer líder mundial na produção de soja
Publicado em 16/07/2021 às 10h42
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Projeta-se que o Brasil manterá sua posição como o maior produtor de soja na próxima década. Na safra 2020/21, o Brasil produziu o recorde de 4.994 milhões de bushels de soja, um aumento de 8,9% em relação à safra recorde da safra passada, de 4.587 milhões de bushels, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A área colhida nesta temporada também atingiu o recorde de 95,16 milhões de acres, um aumento de 4,2% em relação à temporada passada. Espera-se que o crescimento em hectares brasileiros continue maior do que os Estados Unidos e Argentina, dois dos outros grandes produtores de soja. Além disso, avanços recentes em logística, como na ferrovia chamada Norte-Sul, devem criar oportunidades para melhorar a competitividade no setor de transportes.

PREVISÃO DE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos como o maior produtor mundial de soja. No futuro, projeta-se que a produção de grãos do Brasil ultrapasse a dos Estados Unidos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) projeta que o Brasil produzirá 5.751 milhões de alqueires de soja em 2030, um aumento de 15,2% em relação à safra 2020/21 (ver Figura 1). Nos Estados Unidos, a produção deve chegar a 4.905 milhões de bushels em 10 anos, aumento de 18,6% no mesmo período, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A área plantada com soja brasileira deve crescer 27% nos próximos 10 anos, atingindo 116 milhões de hectares, de acordo com o MAPA. Enquanto isso, o USDA espera que a área plantada nos EUA chegue a 90 milhões de acres em 2030, um aumento de 8,3% em 10 anos. A taxa de crescimento do plantio de soja no Brasil nos próximos anos será menor do que nas últimas décadas, quando houve um grande aumento na produção ( farmdoc diário , 30 de março de 2021 ).

As moedas têm desempenhado um papel importante na competitividade da soja nos últimos anos, uma vez que a valorização do dólar norte-americano resultou em margens maiores na América do Sul. A soja brasileira safra 2020/21, por exemplo, produziu os maiores lucros da história do país por causa da baixa oferta interna e da desvalorização do real em relação ao dólar americano.

Em todo o mundo, os custos, as margens de lucro, a logística e a disponibilidade de terras serão fatores-chave na determinação da produção futura de soja (Ikeda e Nazetta, 2020). O Brasil tem conseguido manter bons lucros e tem terras disponíveis; um dos desafios é o alto custo associado à logística, como será discutido neste artigo.

NOVAS FRONTEIRAS DA PRODUÇÃO DE SOJA

A expansão da área plantada com soja no Brasil na próxima década está projetada para ocorrer da seguinte forma:

Pastagens subutilizadas são convertidas em soja,
A soja é plantada em novas fronteiras agrícolas,
A soja substituirá outras culturas nas áreas agrícolas atuais, e
O aumento do uso da irrigação abrirá áreas para a produção de soja.

Os agricultores se expandirão principalmente para o Norte e Nordeste, especialmente no Matopiba, região formada pelo estado brasileiro do Tocantins e partes dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia. A demarcação do Matopiba foi feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que teve como principal critério as áreas de cerrado (savanas) dos estados. De acordo com a demarcação territorial, são cerca de 73 milhões de hectares espalhados por 337 municípios. Os "polos do agronegócio" estão destacados no mapa.

A principal cultura nas áreas de cultivo do Matopiba atualmente é a soja. Em 2020/2021, a produção de soja nessa região deve chegar a 12% da safra total do país. No entanto, outras culturas como milho e algodão também desempenham papéis importantes. Na safra 2019/2020, por exemplo, a região produziu 24,7 milhões de toneladas de grãos. Nos próximos 10 anos, a expectativa do governo brasileiro é que o Matopiba produza 32,7 milhões de toneladas, um aumento de 32,2% na comparação. A área plantada deve aumentar para 22,1 milhões de hectares, um crescimento de 14,8% na década.

A expansão da soja para o Matopiba ocorreu principalmente devido ao baixo custo da terra, se comparado ao Centro-Oeste e ao Sul do Brasil. O plantio da soja no Brasil tem origem no Rio Grande do Sul e no Paraná (áreas pioneiras), estados do sul com clima semelhante ao dos Estados Unidos, de onde surgiram as primeiras sementes até 1975. A partir daí, a Embrapa passou a desenvolver sementes adequadas para o clima mais quente da savana. Como consequência, nas décadas de 1970 e 1980, a produção de soja migrou primeiro para o Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás (maiores áreas). Nas décadas de 1990 e 2000, a produção migrou para o Norte e Nordeste: Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia (Matopiba) e mais recentemente para o Pará (novas fronteiras).

Hoje, o Matopiba e o Pará são considerados as principais fronteiras agrícolas do Brasil. A região possui inúmeras qualidades favoráveis ??para a agricultura moderna. O terreno é plano, com solo produtivo, clima favorável (com dias longos e muita intensidade solar) e bastante água disponível para irrigação. No entanto, o maior desafio é logístico, mas pode ser mitigado com as obras em andamento em rodovias, ferrovias e portos.

AVANÇOS EM LOGÍSTICA

Historicamente, a indústria exportadora de soja no Brasil conta com estradas de longa distância entre as principais regiões produtoras e os portos. Na última década, porém, houve grandes investimentos em infraestrutura de transporte, não só de rodovias, mas também de ferrovias e hidrovias. De 2000 a 2019, a participação no mercado de caminhões na soja embarcada caiu de 75% para 67%; ao mesmo tempo, o transporte ferroviário aumentou de 20% para 24%; e os embarques por barcaça aumentaram aproximadamente na mesma proporção, de 5% para quase 9% (Péra, Caixeta-Filho & Salin, 2021).

Em 2021, o governo brasileiro inaugurou 107 milhas da Ferrovia Norte-Sul, ligando o estado de Goiás (Centro-Oeste), ao Porto de Santos, em São Paulo (Sudeste). Esse projeto, iniciado na década de 1980, tem previsão de incluir quase 955 milhas de ferrovias entre Porto Nacional, no estado do Tocantins (Norte), e Estrela D?´Oeste, no estado de São Paulo (Sudeste). Além disso, o projeto prevê a construção de três terminais ferroviários em Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais, na região Central.

Os portos do norte corresponderam aos portos do sul no embarque de cargas de grãos pela primeira vez em 2020, de acordo com informações da Agência Nacional de Transporte Aquaviário. As exportações de soja e milho pelos portos do norte nos últimos 10 anos quase quintuplicaram, atingindo 42,3 milhões de toneladas em 2020, segundo dados da Confederation of Agriculture and Livestock of Brazil (equivalente ao American Farm Bureau Federation nos EUA)

Apesar dos avanços recentes, é provável que os desafios logísticos persistam no Brasil na próxima década. No curto e médio prazos, o país continuará a depender fortemente do transporte por caminhão para levar a soja aos portos para exportação. O Brasil precisará continuar investindo para reduzir os altos custos do transporte convencional e melhorar a logística -- uma desvantagem histórica do Brasil em relação à agricultura dos Estados Unidos.
Miquéias Santos
Fonte: O Petróleo
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