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Com pandemia e reajustes, venda de combustível em Piracicaba é 15% menor que há 2 anos, diz Recap; entenda dinâmica de preços
Valor médio da gasolina subiu 7,24% na cidade na semana passada; diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo aponta que estabelecimentos são "reféns dos preços que as distribuidoras praticam" e esclarece dúvidas sobre o repasse dos reajustes.
Publicado em 23/03/2022 às 09h50
Formatos popularizados na pandemia como home office e aulas remotas, além reajustes sucessivos em preços, fazem com que o volume de combustíveis comercializado pelos postos de Piracicaba (SP) ainda seja 15% menor do que há dois anos, segundo o diretor da regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Recap), Augusto César Mafia. Ao explicar a dinâmica de valores e reajustes, ele também aponta que os postos são "reféns dos preços que as distribuidoras praticam".

Após anúncio de um aumento de 18,8% na venda da gasolina para as distribuidoras, o valor médio do litro do combustível nos postos de Piracicaba aumentou 7,24% na última semana. A média era de R$ 6,25 em pesquisa feita pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre 6 e 12 de março, enquanto do dia 13 até sábado (19) o valor subiu para R$ 6,70.

"Não são os postos que são responsáveis por toda essa questão do aumento. Para o posto, o produto barato gera muito mais venda, muito mais receita. Embora possa parecer que o produto mais caro traga mais lucro para o negócio, não é bem assim. A operação fica mais cara e você precisa de mais dinheiro para gerir isso. [..] A gente vem saindo de uma crise da pandemia, onde a gente operou quase dois anos senão no vermelho, bem perto do vermelho, e agora a gente tem esses aumentos sucessivos que requerem um aporte cada vez maior de capital de giro para o negócio", aponta Mafia.

Uma das explicações para essa redução na quantidade de litros vendidos em meio aos aumentos, segundo ele, é o próprio orçamento do consumidor. "Se ele [consumidor] tem R$ 100, ele continua colocando os mesmos R$ 100. Só que antigamente ele punha, por exemplo, 40 litros, e hoje ele põe 30 litros. Na realidade, é o que ele tem disponível [...] A grande minoria hoje para no posto e fala: ´completa o tanque´. Hoje um tanque, em média, custa R$ 400, R$ 380, conforme o tamanho do carro. Então, é um valor significativo".

Também conforme o diretor do Recap, a partir do início da pandemia de coronavírus, o setor teve uma redução do consumo de combustíveis em Piracicaba e até hoje não conseguiu voltar ao mesmo patamar do período pré-crise sanitária.

"Tivemos, no pico da pandemia, uma redução de 70% no volume vendido, quando tudo estava bem fechado. Veio recuperando, mas a gente ainda tem uma falta de aproximadamente de 15% do volume que ainda não voltou aos patamares de antes da pandemia", explica.

Ele aponta que uma série de comportamentos de adaptação à reclusão absorvidos durante a pandemia ainda impactam no consumo de combustíveis.

"Por conta de home office, de muito desemprego, empresas que optaram em fazer um sistema híbrido de trabalho, e entenderam que conseguiriam tocar a vida dessa forma, então não vai voltar mais, tem muita empresa que está nessa condição", explica.
Nesse cenário, ele cita ônibus fretados que já não buscam funcionários diariamente para levar à empresa e que abastecem menos e redução da circulação de vans escolares.

Entre as formas de tentar atrair o consumidor, Mafia aponta os aplicativos que oferecem benefícios atrelados ao abastecimento. "A pandemia também nos ensinou algumas práticas novas desse mercado. O abastecimento por aplicativo tem crescido muito e a gente entende que isso vai ser uma prática cada vez mais frequente nos postos, porque ela dá vantagens e o consumidor começa a entender isso como um benefício importante".

Entre os benefícios estão cupons de desconto, cashback e troca de pontos acumulados por produtos. "Dos nossos postos, hoje, [o abastecimento por aplicativo] representa 10% da venda. É bastante já".

Dinâmica de preços e reajustes

Com o anúncio do reajuste, segundo o diretor do Recap, alguns consumidores chegaram a acusar postos de aumentar os preços antes do que deveriam. Ele avalia que há motoristas que ainda veem os postos como os "vilões" nos casos de reajustes e diz que a visão é equivocada.

Ao g1, ele explicou algumas das dinâmicas envolvendo o repasse de reajustes pelas distribuidoras aos postos e, depois, ao consumidor.

Os preços dos combustíveis são tabelados?

Não. Segundo o diretor do Recap, o mercado é desregulamentado, ou seja, o posto tem a liberdade de praticar o preço que considerar adequado, conforme a lei de oferta e demanda. "Especificamente nesse caso [último reajuste], os aumentos aconteceram [antes] porque os postos já estavam recebendo o produto mais caro. Essa movimentação de preços nesses dias era reflexo de um aumento que não era ainda o aumento da Petrobras. Estava faltando óleo diesel, estava faltando gasolina [no mercado, o que encarece os produtos]", explica o diretor do sindicato.

Os aumentos são mais rápidos dos que as quedas?

Segundo Mafia, ambos os movimentos têm influência do custo pago pelo posto no combustível que ele tem em estoque. "Os consumidores se revoltam e acham que o posto que mexe com isso, que o posto que sobe antes da hora, que quando desce, demora para baixar. Quando baixa é a mesma condição. Se eu comprei etanol a R$ 1,20 e baixa para R$ 1, se eu vender a R$ 1 agora, como eu faço? Prejuízo. Então tem um tempo para que isso [repasse ao consumidor] aconteça, tanto na alta quanto para a baixa."

Os postos têm poder de ação sobre a política de preços?

Não. O diretor do sindicato explica que os combustíveis têm reajustes indexados a índices e parâmetros de mercado e cita como exemplo o etanol. "O etanol é indexado ao índice Esalq. Então, o [índice] Esalq subiu, automaticamente, cada distribuidora tem um timing para repassar isso. Aí é muito da política de cada uma. Então, o Recap não tem ação sobre nenhuma política de preço com as distribuidoras", justifica. "O posto que tem bandeira, ou até quem não tem bandeira e compra no mercado spot [com entrega imediata e pagamento à vista] fica muito refém dos preços que as distribuidoras praticam", acrescenta.

Quanto foi o aumento em Piracicaba?

A pesquisa de preços da ANP na última semana, em Piracicaba, foi realizada em 15 postos. O menor preço do litro encontrado foi de R$ 6,39, enquanto o maior foi de R$ 7,19.

No acumulado do ano, o valor do combustível apresenta uma alta de 6,24%. De 9 a 15 de janeiro, a média do custo do litro foi de R$ 6,30 na cidade.

Já o etanol, apesar de apresentar alta de 4,5% no preço médio na última semana, de R$ 4,35 para R$ 4,55, no ano acumulado do ano totaliza uma queda de 6,6%. O valor calculado na primeira pesquisa de 2022 foi de R$ 4,87.

Do último dia 13 até sábado (19), o menor preço encontrado em 17 postos pesquisados foi de R$ 4,29, enquanto o maior foi de R$ 4,99, aponta o levantamento da ANP.

Queda do etanol

Segundo Mafia, uma das expectativas de recuo no valor da gasolina se apoia na variação inversa do preço do etanol.

"O etanol está caindo. Então, a gente também espera que tenha uma diminuição no preço da gasolina um pouco por conta do etanol anidro, que compõe 27,5% [da gasolina]", explica.

O etanol anidro é o utilizado para mistura na composição da gasolina, enquanto o etanol hidratado é o vendido nos postos de combustíveis. Segundo o diretor do Recap, os dois seguem as mesmas variações de mercado.

"A gente tem uma uma percepção de possível queda do etanol e é o que está equalizando um pouco o preço da gasolina", acrescentou.

Medidas governamentais

Entre as medidas adotadas pelo governo para buscar amenizar a alta nos combustíveis, Mafia destaca uma redução de R$ 0,30, aproximadamente, no preço do óleo diesel por conta do congelamento da cobrança do PIS e Cofins até dezembro.

"Nós estamos ainda no aguardo da outra parte da determinação do governo, que é em relação à equalização da alíquota do ICM, que também deve ter mais uma parcela grande de redução especificamente no diesel e com impactos também na gasolina", completou.
Fonte: g1
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